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Brasileiro lança livro sobre Frank Sinatra
Por João Marcos Coelho
Especial para o Diário
20/05/2001 | 17:56
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Como é que um brasileiro se arroga o direito de escrever um livro que pretensiosamente quer demonstrar as razões que fizeram de Frank Sinatra o maior cantor popular do planeta no século XX? Esta é a pergunta que muitos se farão ao dar uma folheada no livro Sinatra – O Homem e a Música (Lemos Editorial, 276 páginas, R$ 40), de Renzo Mora, que chega às livrarias no momento em que se completam três anos da morte do cantor, em 15 de maio de 1998.

Mora é um publicitário paulista que curte o cantor desde criancinha. Acontece que ele pertence àquela dinastia brasileira de sinatrólogos que tem na linha de frente o carioca Roberto Quartin, que produziu e lançou CDs inéditos da “Voz”. Portanto, tem todo direito de ser pretensioso, pois conhecimento e competência não lhe faltam para falar sobre os velhos olhos azuis.

Não se trata de mais uma biografia, mas de 31 capítulos, que abordam histórico, características e análise de canções traduzidas. “Minha tese”, afirma Mora na introdução, “é de que o impacto de Sinatra só pode ser totalmente explicado pela rara combinação de fatores natos – a voz e o senso rítmico – com o que foi adquirido/somado ao longo da vida: o senso dramático, que é o privilégio e a maldição dos que tomam grandes porradas, dos melancólicos, dos solitários”.

O livro não foge de nenhum dos temas mais polêmicos da vida pessoal do cantor. Desde os envolvimentos com a Máfia até a derrocada psicológica com o fim do caso coma atriz Ava Gardner.

Mora respira Sinatra e não esquece nem o nascimento em 12 de dezembro de 1915: “O garoto, roxo e sem respirar, foi arrancado com um fórceps, que rasgou seu rosto, sua orelha e perfurou seu tímpano. Enquanto o médico se concentrava em salvar a vida da mãe (o bebê estava morto mesmo), sua avó Rose, em um gesto desesperado, colocava o recém-nascido banhado em sangue debaixo da água gelada de uma torneira. Francis Albert Sinatra emitiu sua primeira nota”.

Impagáveis os episódios da saída da big band de Harry James nos anos 40 (o trompetista até pediu a Frank uma boquinha na banda de Tommy Dorsey, se possível) e do rompimento com Dorsey. Dizem, sem provar, que um mafioso enfiou um revólver na boca de Dorsey para obrigá-lo a assinar a rescisão. O trombonista, porém, também não era nenhuma flor que se cheirasse. Fez um contrato leonino com o imberbe cantor garantindo-lhe 42% de tudo que Sinatra ganhasse por toda a sua vida.

O formato quadrado e a farta iconografia tornam a leitura um passeio fascinante pelo mundo de Sinatra. Além, é claro, da linguagem clara e informativa.

O Diário reproduz nesta página a tradução de Mora para a letra de My Way, gravada por Sinatra em 30 de dezembro de 1968. Tinha 54 anos e foi sua canção-símbolo por vários anos (trocada por New York, New York de 1979 em diante). O mundo enxergou na letra uma profissão de fé existencial do cantor, que, curiosamente, discordava desta identificação: “Não foi escrita para mim. As considerações são do letrista”, no caso o francês Gilles Thibault (a letra em inglês é de Paul Anka).




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