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Freio na economia atinge em cheio o setor plástico no ABC
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
16/07/2005 | 08:19
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Um setor em crise, como reflexo da estagnação da economia do país no primeiro semestre. Esse é o quadro atual da indústria de material plástico, de acordo com a Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico) e com empresários desse segmento do Grande ABC. Empresas produtoras de itens de plástico instaladas na região atestam a situação difícil do segmento nacional, ao informarem que fecharam o primeiro semestre com vendas até 25% menores na comparação com os primeiros seis meses de 2004.

“O ano começou mal, com os juros subindo e o dólar em queda”, disse presidente da Abiplast, Merheg Cachum. Para ele, esses fatores, somados à alta carga de tributos que incidem sobre as empresas, contribuíram para reprimir o consumo e reduzir a rentabilidade no setor, que tem grande representatividade no Grande ABC. A região reúne mais de 350 empresas e cerca de 18 mil empregos.

O empresário José Jaime Salgueiro, que é diretor titular do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Santo André, e também do Sindiplast (Sindicato da Indústria do Plástico do Estado de São Paulo), afirma que houve queda acentuada nos negócios do segmento na região, envolvendo desde produtores de embalagens, filmes plásticos até de peças para a construção civil. “A crise chegou forte”, diz.

Salgueiro é diretor da indústria Resiplastic, de Mauá. Um dos focos principais de atuação da empresa, a fabricação peças plásticas para máquinas agrícolas, segundo ele, teve a demanda retraída em 70%, enquanto o atendimento de pedidos para o setor da construção se reduziram em 10%.

O empresário acrescenta que atividades como a produção de itens para motopeças e autopeças – que ainda tiveram expansão no semestre – ajudaram a evitar perdas maiores. Com isso, ele estima que houve uma diminuição de 25% no faturamento da companhia no semestre ante mesmo período do ano passado.

Outra empresa da região, a Poliembalagem, também de Mauá, produz embalagens plásticas para os mais diferentes setores, do comércio, agroindústria, área automobilística e outras. A direção da indústria estima que houve uma queda de 10% a 15% nas vendas no primeiro semestre ante igual período de 2004.

Parada – Até maio, a produção de itens em plástico no Estado de São Paulo ainda mostrava números positivos. Pelos últimos dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), nos primeiros cinco meses do ano (janeiro a maio) em São Paulo, a atividade industrial era 4,8% maior em relação ao mesmo período de 2004.

Mas o dado não significa crescimento de vendas, segundo o dirigente do Ciesp. “Produz mas não vende, as empresas estão fazendo estoques, para não terem de demitir”. O quadro de parada no consumo teria se agravado a partir de junho. “Não sei se foi a crise política ou a estabilização dos juros em patamar elevado, mas o mercado deu uma refreada”, afirma Salgueiro.

Perspectivas – Para os empresários do setor as perspectivas não são das melhores, em função da atual crise política e dos fatores econômicos. Mesmo o que poderia ser uma boa notícia, estaria trazendo efeitos negativos. Isso porque a taxa cambial em queda levou a uma queda nos preços das matérias-primas (as resinas plásticas).

Segundo Cachum, os produtores têm sido pressionados por grandes clientes a reduzir os preços, já que as resinas passaram a custar até 15% menos neste ano. “Nós nem havíamos repassado os aumentos nos custos que estavam represados... Como é que vamos abaixar ainda mais o valor dos nossos produtos?”, questiona.

Apesar do cenário adverso, o presidente da Abiplast afirma que as empresas que têm vendas ao exterior ainda apresentam desempenhos melhores do que as que atuam apenas no mercado interno. “Os segmentos que estão exportando mantém números muito melhores do que aqueles que não exportam”. No entanto, Cachum espera que o dólar suba um pouco para que haja melhora na rentabilidade dos negócios no exterior.




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