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Tarifa de ônibus pode ir a R$ 2,30 no Grande ABC
Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
11/03/2006 | 07:43
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Os empresários que controlam o transporte público no Grande ABC querem aumentar a tarifa dos ônibus que operam linhas municipais de R$ 2 para R$ 2,30, um reajuste de 15%, embora o IGP-M (Índice Geral de Preços de Mercado), medido pela Fundação Getúlio Vargas, tenha sido de 2,88% entre fevereiro de 2006 e dezembro de 2004, quando ocorreu o último reajuste de tarifas. Os empresários argumentam que o custo dos itens que compõem a tarifa não seguiu a mesma tendência no período. O óleo diesel teve alta de 24,63%; manutenção, que inclui gastos como troca de pneus e peças, variou entre 25% e 50%, segundo a AETC-ABC (Associação das Empresas de Transporte Coletivo do ABC). "O preço real da tarifa de ônibus hoje, com todos os custos, é de R$ 3,10. Com R$ 2,50 conseguiremos sobreviver, mas estamos dispostos a negociar por um valor de até R$ 2,30", diz Baltazar José de Souza, presidente da AETC-ABC.

Entre as justificativas do setor para convencer as prefeituras a autorizar o reajuste está também a folha de pagamento de motoristas e cobradores. Maio é a data-base para o reajuste de salários da categoria. Este ano, além da atualização dos ganhos com base na inflação do período, a categoria exige aumento real de 15% na folha de pagamento. "Hoje, a situação está insustentável. Não temos dinheiro em caixa", afirma o presidente da AETC-ABC.

Para o presidente do Sindicato dos Rodoviários do Grande ABC, Francisco Mendes da Silva, o Chicão, não será admitida "de forma alguma" a possibilidade de não-concessão do reajuste anual. "Já discutimos isso com a diretoria do sindicato e, se isso acontecer, a categoria entrará em greve", garante Chicão. A última greve de motoristas e cobradores de ônibus no Grande ABC aconteceu há cinco anos.

O motivo da paralisação foi o mesmo que está em questão hoje: acertos sobre o reajuste de salários da categoria. Em 2001, os funcionários cruzaram os braços por dois dias e só voltaram à ativa após o TRT (Tribunal Regional do Trabalho) considerar a greve abusiva. Pela decisão da Justiça, durante os protestos pelo menos 70% da frota deveriam ser mantidas nos horários de pico e 50% no restante do dia.

A paralisação foi marcada pelo caos. Perueiros clandestinos invadiram as ruas da região para suprir a lacuna deixada pelos ônibus. Alguns funcionários que tentaram furar a greve foram agredidos e tiveram os veículos apedrejados. Em São Paulo, os reflexos de uma paralisação de ônibus foi sentida essa semana com a greve de motoristas e cobradores que deixou mais de 1 milhão de usuários a pé.

Prefeituras – Segundo a AETC-ABC, a negociação com as prefeituras das sete cidades do Grande ABC para concessão do reajuste da tarifa está em andamento desde a metade do ano passado. Procuradas pelo Diário, as administrações de Santo André, Diadema, São Caetano e Ribeirão Pires informaram que o assunto ainda está em estudo e que ainda não se sabe se o aumento da tarifa será autorizado.

Em São Bernardo, a proposta de reajuste apresentada pelos empresários será levada na próxima semana para o prefeito William Dib. Mauá e Rio Grande da Serra não se pronunciaram sobre o assunto até o fechamento desta edição.

Apesar de possuírem características geográficas diferentes, todas as cidades do Grande ABC adotam hoje a tarifa de R$ 2 para ônibus municipais. O valor foi padronizado entre dezembro de 2004 e abril de 2005, numa série de reajustes em cascata. Antes, São Caetano e Rio Grande da Serra praticavam preços inferiores de passagem. Nas demais cidades da região, a passagem saltou de R$ 1,70 para os atuais R$ 2. O reajuste concedido foi de 17,64%. O percentual reivindicado pelos empresários do setor era de 42%, que elevaria a tarifa já naquela ocasião a R$ 2,50.

Para agravar ainda mais a situação, o Sindicato dos Rodoviários do Grande ABC afirma que há "seis, sete meses" parte das 19 empresas de ônibus que atuam na região não pagam em dia o salário de funcionários. A denúncia é admitida pela AETC-ABC. Em outubro do ano passado, por causa dos atrasos os 800 funcionários da Viação Imigrantes, que controla o setor em Diadema, cruzaram os braços, deixando 45 mil pessoas a pé.




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