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Embalagens têm expansão tímida
Frederico Rebello Nehme
Do Diário do Grande ABC
12/12/2004 | 12:48
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A indústria de embalagens demorou para captar os efeitos do crescimento da economia brasileira. Enquanto a cadeia automotiva, a agroindústria e os setores ligados à exportação, por exemplo, cravaram crescimento já no primeiro semestre, a produção de embalagens só registrou alta a partir do segundo semestre, e deve fechar 2004 com crescimento discreto: 1% em relação a 2003.

A razão estaria na forte ligação dessa indústria com o mercado interno brasileiro, que só foi reforçado, a partir do segundo semestre, com o aumento do nível de emprego e do poder de compra dos trabalhadores. Cerca de 60% da produção de embalagens no Brasil é destinada à indústria de bebidas e alimentação, com foco no mercado interno, segundo dados da Abre (Associação Brasileira de Embalagens).

A Abre projeta crescimento de 4% a 5% para 2005 – mesmo com a expectativa de uma alta menor para a economia como um todo –, por causa do aumento do poder de compra interno, que deve se mostrar mais consistente no ano que vem.

“O ano de 2004 foi um período de recuperação para a indústria de embalagens. O crescimento no segundo semestre aconteceu pela influência que o mercado interno brasileiro exerce na nossa indústria”, afirma Fábio Mestriner, presidente da Abre.

Apesar de não divulgar dados mensais, a Abre destaca que a retomada da indústria em 2004 ocorreu no terceiro trimestre – 5,91% de crescimento no período. No primeiro semestre, houve queda de 4% em relação ao primeiro semestre do ano passado. Em 2003, a produção registrou queda na comparação com o ano anterior: 6,6%.

Um dos fatores que teriam dificultado a recuperação do segmento em 2004 foi encarecimento das matérias-primas. A estimativa da Abre e de empresários do setor é de que o preço da resina plástica subiu até 60%, e do alumínio, 35%.

“Ainda não conseguimos repassar integralmente para os preços finais o aumento da matéria-prima. Tivemos de absorver esse valor para manter nossos clientes e continuar aumentando nossas vendas”, afirma José Eduardo Leal Paço, presidente da Sinimplast, indústria de embalagens plásticas sopradas de Diadema, que cresceu 3% em 2004.

A versatilidade na produção e no fornecimento de embalagens foi a estratégia adotada pela KenPack, de Diadema, para absorver esse aumento. A empresa, que trabalha com alumínio, papelão e plástico, investe no desenvolvimento de produtos personalizados para cada cliente.

“Essa é uma maneira de nos mantermos em diferentes tipos de mercado e realizarmos a manutenção de nosso crescimento. Trabalhamos tanto para a indústria quanto para o consumidor final, sempre tentando oferecer novos produtos”, afirma Ricardo Abrão, gerente administrativo de vendas da empresa, que não divulgou seus índices de crescimento.

A busca por novos nichos de mercado para o setor de embalagens também é apontada pelo presidente da Abre como uma tendência a ser seguida nos próximos anos. “A indústria brasileira de embalagens possui nível de qualidade em patamares internacionais. A Abre busca cada vez mais incentivar a exportação direta de embalagens, que ainda não é explorada fortemente e pode ser adotada por parte de nossa indústria.”

O diretor da Poliembalagens, de Mauá, Giorgio Guardalben, confirma o aumento das vendas no setor de embalagens no segundo semestre, período que também teria registrado um “abrandamento” na alta de preços das matérias-primas. A produção da empresa deve manter estabilidade em relação a 2003.

“Estamos registrando crescimento da demanda e conseguindo produzir com menos problemas em relação aos preços nos últimos meses do ano. Com a situação mais estável, podemos fazer trabalho voltado para nossa produção, essencialmente.”

Plástico – A Abief (Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas Flexíveis), que representa um dos setores da indústria de embalagens, acredita que as pressões inflacionárias das matérias-primas não se repitam em 2005, especialmente em relação às resinas plásticas.

“Não há mais espaço para que isso aconteça. Os valores chegaram a patamares máximos. Nesse sentido, a indústria de embalagens não deve sofrer, pelo menos, grandes oscilações no valor de suas matérias-primas, o que favorece o planejamento mais consistente”, diz Rogério Mani, vice-presidente da Abief.



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