O governo do Estado de São Paulo, sob comando de João Doria (PSDB), deu início ontem às obras do BRT-ABC, no Terminal Metropolitano, no Centro de São Bernardo. O modal ligará o município à Capital, passando por Santo André e São Caetano, por meio de corredor exclusivo, até a Estação Tamanduateí do Metrô. Prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB) também participou do lançamento das intervenções.

Segundo Doria, as obras começam pelo terminal rodoviário e seguem no sentido da Capital. A primeira ação efetiva para o início das intervenções é a revitalização do terminal rodoviário. O traçado completo terá 18 quilômetros, com previsão de que a construção seja concluída em um ano. O secretário de Transportes Metropolitanos, Paulo José Galli, avaliou que o modal deverá ser entregue no ano que vem.

“Começamos pelo terminal rodoviário de São Bernardo, mas outras certidões para as intervenções saem agora, e então vamos ter vários canteiros de obra que serão abertos (ao longo do traçado). Dependendo da sequência das obras, vamos entregar em 2023. E teremos o BRT funcionando com todos os ônibus elétricos, modelo que é muito importante”, declarou Galli, em coletiva de imprensa que ocorreu no Terminal Metropolitano, ontem pela manhã.

O governo do Estado já definiu o traçado e, no momento, a linha aguarda aprovação de órgãos ambientais. Galli afirmou que o trajeto do BRT-ABC não deverá diminuir a área transitável dos veículos que trafegarão próximo ao corredor exclusivo do modal. A EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos) será responsável por acompanhar a implantação e o gerenciamento do sistema. 

A empresa Metra, que já opera o Corredor ABD de trólebus, será a responsável pela implantação e operação do BRT, e terá direito a 25 anos de exploração da concessão. Todo o investimento, de cerca de R$ 860 milhões, será realizado pela empresa e fiscalizado pelo Estado.

“O traçado foi finalizado e aguarda aprovação de órgãos ambientais. E leva em consideração inclusive faixas em que haverá ultrapassagem. A expectativa é a de que não se tenha redução de área transitável nas faixas, já que temos parte exclusiva para os ônibus do BRT-ABC e vamos garantir a viagem de 40 minutos de São Bernardo até a Estação Tamanduateí, que reúne paradas da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e também da Linha 2–Verde do Metrô.”

Ao todo, o Grande ABC será contemplado com estações em São Bernardo (Metrópole, Aldino Pinotti, Abrahão Ribeiro, Afonsina, Rudge Ramos, Senador Vergueiro, Winston Churchil e Vila Vivaldi); Santo André (Fundação do ABC) e São Caetano (Instituto Mauá, Vila Império, Jardim São Caetano, Estrada das Lágrimas, Cerâmica, CEU Meninos, Goiás e Almirante Delamare). Em dezembro, o Diário já tinha adiantado que as obras teriam início em 2022 e que o modal deveria ser entregue em 2023.

Para o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando, o BRT-ABC finalmente será realidade e enalteceu a possibilidade de ligar o município à Estação Tamanduateí, na Capital, em apenas 40 minutos. Na visão do tucano, a cidade, hoje, é a que mais está distante de transportes públicos sobre trilhos.

“Essa obra é muito significativa, pois vai permitir que ônibus saia deste terminal e chegue ao Tamanduateí em 40 minutos, o que, de carro, em horário de pico, dá aproximadamente uma hora e meia. São Bernardo será a cidade mais contemplada (contará com o maior número de estações). É uma realidade, que daqui a um ano estará em pleno funcionamento. Quem ficou isolado, sem trilhos, fomos nós. O BRT é uma realidade que daqui a 12 meses estará funcionando”, declarou o prefeito.

Ex-aliado, Orlando critica ex-governador Alckmin

Durante sua fala no lançamento das obras do BRT-ABC no Terminal Metropolitano, no Centro de São Bernardo, Orlando Morando fez duras críticas a um ex-aliado, o ex-governador do Estado de São Paulo Geraldo Alckmin (ex-PSDB, atualmente sem partido). Na visão do chefe do Executivo, Alckmin é o culpado pelo fato de a região não contar com nenhuma linha do Metrô até agora.

“Eu carreguei um caixão de porta aberta por mais de oito anos. Não fui eu quem prometeu o Metrô para o Grande ABC, quem prometeu foi o ex-governador Geraldo Alckmin, do qual eu era aliado e do seu partido, mas que, infelizmente, não se consolidou (Metrô). Não quero entrar no mérito de saber quem é o culpado ou não, mas precisamos virar a página. Um governador que anuncia tem que cumprir”, declarou o prefeito.

Orlando Morando se referiu à extinta Linha 18-Bronze do Metrô, que ligaria a região à Capital por meio do sistema monotrilho. Alckmin assinou o contrato da obra em 2014, ao lado de outros prefeitos da região, à época. O projeto nunca saiu do papel, com a alegação de ser obra muito cara. Em 2020, o Palácio dos Bandeirantes enterrou a Linha 18 e deu início às articulações para que o BRT-ABC começasse a sair do campo das especulações.

Convênio garante construção de 236 apartamentos

O prefeito Orlando Morando e o governador João Doria assinaram, durante o evento, convênio que autoriza a construção de conjunto com 236 unidades habitacionais em área doada pelo município, denominada Monte Sião, na região do bairro Areião. As obras serão executadas pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), vinculada à Secretaria de Habitação. O valor total do empreendimento será de R$ 42,4 milhões, dos quais R$ 35 milhões serão aportados pela empresa estadual e R$ 7,4 milhões pelo município. 

O empreendimento terá duas torres residenciais de 15 pavimentos, com 118 unidades cada. Os apartamentos terão 51,72 m² de área útil. Os imóveis serão destinados a famílias indicadas pela Prefeitura, oriundas da própria região, que passará por intervenções de urbanização e recuperação ambiental conduzidas pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) Mananciais.

HOSPITAL DE CLÍNICAS

Orlando Morando ainda reiterou o desejo de estadualizar o Hospital de Clínicas, que é municipal. Desta vez, entretanto, o chefe do Executivo fez o pedido diretamente ao governador.

Há dez dias, o prefeito já havia levado o pleito ao vice-governador do Estado, Rodrigo Garcia (PSDB).

Localizado na Estrada dos Alvarenga, o equipamento foi inaugurado em dezembro de 2013 e exigiu investimentos de R$ 160,3 milhões, sendo R$ 82,1 milhões repassados pelo Ministério da Saúde, R$ 40 milhões pelo Estado e R$ 38,2 milhões como contrapartida do município, à época sob gestão do prefeito petista Luiz Marinho.

Orlando Morando avalia que o Hospital de Clínicas já oferece atendimento para moradores de outras cidades, e que por isso o caminho da estadualização seria o mais correto.

“Já atendemos moradores de outros municípios, até de fora do Grande ABC. Atendemos muitos acidentados de rodovias que cortam a cidade (como Via Anchieta). Estamos com bom diálogo (com o governo), já pedimos para o governador e para o vice-governador. O que está sendo discutido não é o valor do custeio, mas o uso do equipamento. O Hospital de Clínicas não é de uso exclusivo de São Bernardo. Na prática ele já está estadualizado, pois atende pessoas de vários municípios”, alegou Orlando Morando.