Com o bordão sempre na ponta da língua - "contra burguês, vote 16!" -, o presidenciável pelo PSTU, Zé Maria, acompanhado do candidato à Assembleia Legislativa Ivanci, caminhou ontem pela região comercial de um dos bairros mais populosos do Grande ABC, a Vila São Pedro, em São Bernardo.

Com discurso oposicionista, o pleiteante culpou por não pontuar nas pesquisas os financiamentos privados das campanhas e à mídia, que segundo ele privilegia as candidaturas de Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV). Ele defende propostas como a reestatização das empresas do governo que foram privatizadas, redução de impostos e o calote das dívidas interna e externa.

Zé Maria destacou que o orçamento nacional do partido para a campanha é de R$ 300 mil, que correspondente a recursos próprios de seus integrantes. "Há uma imensa desigualdade, ausência de democracia. Quem tem R$ 300 milhões como as candidaturas de Serra e Dilma tem mais condições de se eleger. Não há outra forma senão a televisão de atingir eleitor. Quando a TV apresenta apenas três candidatos, exclui os outros e manipula o eleitor."

Mesmo com o orçamento apertado, Zé Maria afirmou que o objetivo é visitar até o fim da campanha mais bairros operários pelo País, mas não deve retornar ao Grande ABC. "Apesar do boicote e da exclusão promovidos pela mídia, nossa campanha já é vitoriosa ao conseguirmos convencer trabalhadores e jovens a lutar pelas nossas propostas."

A menos de uma semana para as eleições do dia 3, o socialista não demonstra confiança em sucesso no pleito, mas não perde a oportunidade de criticar os concorrentes melhor colocados nas pesquisas de intenções de voto. "Dilma, Serra e Marina reafirmam compromisso com o mesmo modelo econômico que temos hoje, que privilegia banqueiros, empresários e o agronegócio."

O candidato também desferiu críticas ao humorista Tiririca (PR), que disputa vaga na Câmara Federal. "Votar no Tiririca é para situação ficar pior do que está. Porque pior do está pode ficar. É um voto despolitizado, não é voto de protesto."

Polêmicas - O presidenciável argumentou que os recentes escândalos envolvendo a quebra de sigilo fiscal da Receita Federal de pessoas ligadas ao candidato José Serra e o lobby na Casa Civil durante gestão da ex-ministra Erenice Guerra são resultados de "trocas de favores" como o financiamento de campanhas. "Uma empreiteira doar R$ 1 milhão ou R$ 2 milhões, qualquer pessoa de bom senso sabe que isso não vem de graça. Depois, se eleito, vão governar para eles, devolver favor com repasse de verba, políticas econômicas que beneficiam empresários, contratos superfaturados."

Quanto ao sigilo fiscal, Zé Maria se diz favorável a abertura de sigilos fiscais e bancários de todos os candidatos e seus familiares. "Lamentavelmente sigilo é lei e foi crime. Mas politicamente não se justifica, pois o sigilo serve para acobertar processo de corrupção. Não tenho dúvida de que o PT está usando máquina pública para beneficiar sua candidata. E o Serra utiliza esse tipo de coisa também para se beneficiar no processo."