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S.Caetano chega aos 20 anos reciclado
Por Do Diário do Grande ABC
04/12/2009 | 07:00
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Há 13 anos na presidência do São Caetano, Nairo Ferreira de Souza afirma que o clube chega aos 20 anos - completados hoje - reciclado. O novo modelo de administração, garante, terá olhos voltados para as categorias de base e às novas revelações dos campeonatos nacionais. A mudança de rumo, admite, se deve à frustrada contratação nos últimos anos de atletas considerados experientes e que não deram o retorno esperado ao clube. As constantes trocas de técnico também são coisas do passado.

Na entrevista ao Diário, o dirigente relembra os momentos de glória e as tormentas enfrentadas pelo Azulão nas últimas duas décadas, e reclama da divisão de cotas no Paulistão e no Brasileiro e do do tratamento dispensado aos clubes que não integram o chamado ‘Clube dos 13'.

Ao traçar planos para o futuro, Nairo volta ao passado e sonha em levar ao Anacleto Campanella os cerca de 20 mil torcedores que iam ao estádio prestigiar a equipe no Brasileiro e na Libertadores. Em 2010, o Azulão disputa a Série B pelo quarto ano seguido. Leia a entrevista a seguir.

DIÁRIO - O São Caetano disputará a Série B do Brasileiro novamente em 2010. O que deu errado? Com que perfil o clube chega a 20 anos de fundação?

NAIRO FERREIRA DE SOUZA - Erramos muito com as constantes trocas de treinadores. Foi algo ridículo. Teve ano que mudamos de técnico quatro, cinco vezes. Fizemos uma reciclagem. Queríamos criar um fato novo e trouxemos o Antonio Carlos. Ele se preparou para ser treinador e fez um bom trabalho, tanto que renovamos o contrato (até dezembro de 2010). Só não conseguimos o acesso por causa de contusões.

DIÁRIO - O Antonio Carlos disse que faltou um pouco mais de qualidade para que o time conseguisse o acesso. Como fica a renovação do elenco?

NAIRO - Será de 50%. Ele já me passou a relação de atletas. Estamos analisando e, na medida do possível, vamos viabilizar. Mas isso só dá para dizer após o encerramento do Brasileiro (domingo). Vamos montar um elenco forte.

DIÁRIO - Como o São Caetano tem sobrevivido financeiramente nestes 20 anos?

NAIRO - Temos um grande patrocinador, a Consul. Somos um clube formador e vivemos com as receitas da venda de jogadores (neste ano foram negociados o atacante Luan, para o francês Toulouse, e 50% dos direitos do zagueiro Mário, para no Grêmio). O que dificulta é que estamos muito perto da Capital, o que torna o São Caetano o segundo clube dos torcedores. Por isso temos pouco público nos jogos. É difícil. Recebemos R$ 900 mil neste ano para disputar a Série B. Só porque integra o Clube dos 13, o Guarani recebeu R$ 6 milhões, mesmo estando na Série B. É desigual. Em 2006, ganhávamos R$ 4 milhões para disputar a Série A do Brasileiro. Hoje, os grandes ganham R$ 20 milhões. A distribuição devia ser mais justa.

DIÁRIO - É por isso que ocorre esse sobe e desce e alguns clubes não conseguem permanecer nas divisões principais?

NAIRO - Sem dúvida. Disputamos seis anos a Série A e a dificuldade de ficar é financeira. Fica difícil montar uma equipe forte se você não tem bons patrocinadores e boa renda.

DIÁRIO - O que o São Caetano pensa em fazer para mudar essa realidade, a de ter poucos torcedores?

NAIRO - Temos cerca de 200 escolinhas de futebol no Estado. Precisamos buscar essa meninada, aproximá-la do clube, criar uma identidade com o São Caetano. É um trabalho de longo prazo, para que o São Caetano seja o primeiro clube no coração dos mais jovens.

DIÁRIO - As más campanhas também não têm a ver com a baixa média de público nos estádios?

NAIRO - Quando o time cai de produção, a torcida se afasta. Mas hoje não temos condições de receber grandes públicos por causa da limitação do estádio. As arquibancadas (amarelas) continuam interditadas (há três anos). Acho até que não teremos condições de receber o Corinthians e o Santos no Campeonato Paulista.

DIÁRIO - Em 2008 a Prefeitura fez algumas reformas no estádio. As obras não foram concluídas. Como está isso?

NAIRO - O prefeito (José Auricchio Júnior) está empenhado. Mas depende de licitação e isso leva tempo. A vontade era deixar tudo em ordem para o Campeonato Paulista, mas acho que a reforma só vai ficar pronta para o Brasileiro.

DIÁRIO - O senhor está no São Caetano desde a fundação. Como foi o início e quais as boas lembranças do período?

NAIRO - Comecei como diretor e, desde 1996, estou na presidência. Assumi um momento difícil. De 1989 a 1993, o clube vinha bem. Depois teve dificuldade financeira e, em 1994, caiu para a Segunda Divisão no Paulista. Os momentos inesquecíveis foram os acessos até chegarmos às principais divisões, o vice-campeonato na Copa João Havelange (2000), os vice-campeonatos brasileiro (2001) e da Libertadores (2002) e o título do Paulistão (2004).

DIÁRIO - E os mais difíceis?

NAIRO - Apesar de termos sido vice na João Havelange, aquele momento marcou muito. O título devia ser nosso, porque aconteceu aquela tragédia em São Januário (queda de parte de uma arquibancada caiu que deixou dezenas de feridos). Jogávamos por dois empates. O primeiro empatamos 1 a 1 (Palestra Itália) e o jogo estava empatado (0 a 0) quando a arquibancada caiu. Pelo regulamento, como o Vasco foi o responsável (estádio estava com público acima da capacidade), devíamos ser proclamados campeões. Mas ameaçaram nos punir na Fifa se não jogássemos. Para não estragar nosso projeto, que era chegar à Libertadores, tivemos que ir (o jogo foi remarcado para o Maracanã, em18 de janeiro de 2001. O Vasco venceu por 3 a 1 e ficou com o título, já que empatara no primeiro jogo). Perdemos no tapetão. Outro momento duro foi a morte do Serginho (por problemas cardíacos, em outubro de 2004, durante uma partida entre São Caetano e São Paulo pelo Brasileiro). O clube perdeu 17 pontos e foi penalizado por algo que, mais tarde, a Justiça provou que não tivemos culpa. O STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) achou que tinha que cassar todo mundo e pegou o São Caetano como exemplo.




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