Setecidades Titulo Autoestima
ONG que fabrica e doa perucas
retoma atendimento presencial

Com unidade itinerante, Cabelegria esteve ontem em Santo André para entrega do acessório a pacientes em tratamento

Por Bia Moço
Do Diário do Grande ABC
07/08/2021 | 00:01
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DGABC


Com objetivo de melhorar a autoestima de pacientes oncológicos, a ONG (Organização Não Governamental) Cabelegria retomou os atendimentos presenciais após paralisação devido à pandemia, e esteve ontem no Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, com o banco de perucas móvel. O veículo, equipado com espécie de camarim, circula por centros médicos de cidades paulistas com objetivo de doar perucas, além de receber doação de mechas de cabelo – no mínimo 20 cm – para confecção do acessório.

Ao longo do período de isolamento físico, a ONG precisou trabalhar somente on-line e doou perucas a cerca de 1.200 pessoas, entre março e outubro de 2020. Com a melhora do cenário da pandemia, o caminhão voltou a atender presencialmente na última quarta-feira, na Capital, e passará ao longo do mês de agosto por outras dez cidades do Estado. A meta é entregar, ao menos, 500 acessórios até o dia 31.

Durante visita ao veículo, ontem, no estacionamento do hospital, a equipe do Diário presenciou três doações de perucas e de quatro de mechas. Das 8h às 16h foram entregues 15 acessórios.

A do lar Nalva Dias dos Santos da Silva, 54 anos, está há três anos tratando de um câncer de mama, com metástase óssea e de fígado. Ontem, ela pegou pela primeira vez uma peruca e revelou que a sensação de se ver com cabelo comprido “foi muito boa”. “Ficar careca mexe comigo até hoje. Estou fazendo quimioterapia direto desde outubro de 2018. Antes eu só usava lenços e gostei de me ver assim. Me senti muito bem”, comemorou.

Quem ajudou Nalva a escolher a peruca foi a representante da Cabelegria, Juliana de Souza Joaquim, 33, que após um câncer de mama decidiu ajudar outras pessoas a superarem os mesmos medo e angústia que ela sentiu quando se viu sem cabelo. “Descobri o câncer de mama em agosto de 2018, aos 29 anos. Foi um choque. Tive muito medo e perder o cabelo foi um processo arrasador”, relembrou, revelando que hoje, já em remissão da doença, se sente “muito feliz” em poder trocar experiências e dar esperança para outros pacientes oncológicos.

CABELEGRIA

A iniciativa começou em 2013 por intermédio das amigas Mariana Robrahn e Mylene Duarte, que tinham o desejo de doar o cabelo delas para ajudar pessoas com câncer. No intuito de ampliar a ação, abriram campanha e arrecadaram mais de 1.000 mechas de cabelo em pouco menos de 30 dias. “Com isso, precisamos procurar um destino para os cabelos, mas nenhum hospital na época confeccionava as perucas em si. E aí decidimos fazer todo o processo. Começamos em outubro de 2013 e, em dezembro entregamos nossa primeira peruca”, relembrou, contando que no início atendiam somente crianças, mas em 2015, diante do sucesso, expandiram o atendimento. De lá para cá, cerca de 10 mil perucas já foram doadas.

O processo é gratuito e a ONG sobrevive por meio de doações financeiras. Hoje, há ainda confecção própria, com sede na Liberdade, na Capital, onde uma costureira faz as perucas.

Atualmente, o Cabelegria confecciona aproximadamente 300 acessórios mensalmente e não possui fila de espera para as entregas solicitadas via site (www.cabelegria.org) e enviadas sem custo via Sedex.

Além do caminhão itinerante, que conta também com serviço de maquiagem, a Cebelegria atende via Correios e em três sedes fixas em Poá, na Região Metropolitana, em Mogi das Cruzes, no Alto do Tietê, e no Rio de Janeiro.  




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