Setecidades Titulo Insuficiente
Agentes comunitários de saúde cobrem
só 32% dos moradores da região

Número de profissionais, essenciais na estratégia de atenção básica, caiu na comparação com 2016; pandemia proibiu novas contratações

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
24/06/2021 | 00:01
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DGABC


Quem usa o serviço público de saúde sabe que o agente comunitário é como vizinho próximo. Além de morar no mesmo território, passa periodicamente nas casas, alertando sobre campanhas de vacinação, consultas agendadas e faz a ponte entre o morador e o sistema. No Grande ABC, apenas 32% dos munícipes têm contado com o trabalho desse importante profissional na estratégia de atenção básica, o menor índice de cobertura em cinco anos.

Em plena pandemia, esse trabalhador poderia lembrar às pessoas que tomaram a primeira dose da vacina para que retornem e completem o esquema vacinal, por exemplo. O levantamento mais recente do Diário, em 9 de junho, mostrava que ao menos 16,6 mil pessoas estavam com a segunda dose em atraso. Além disso, os agentes também lembram a população de outras campanhas, como a vacina contra a gripe, que na região não atingiu 40% do público-alvo, conforme mostrado pelo Diário em 16 de junho.

Coordenadora do curso de enfermagem da Estácio, Carolina Polido destacou que o agente comunitário de saúde é a peça-chave na estratégia de saúde da família em processo de mudança cultural que está em curso. “O SUS (Sistema Único de Saúde) tem pouco mais de 30 anos. Em termos históricos, ainda está em curso a mudança de cultura para que as pessoas deixem de procurar o médico em situações de emergência e se habituem ao preventivo”, explicou. 

Professora titular de saúde coletiva na FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Vânia Nascimento definiu o agente comunitário como a ponte entre o sistema e o paciente. “Esse é um dos diferenciais da atenção primária no Brasil”, afirmou. Vânia pontuou que a baixa cobertura dos agentes comunitários de saúde na região está relacionada à demora na reposição de profissionais que se desligam das equipes, mas também à falta de compreensão da importância da atenção primária para a saúde das pessoas. “Um bom atendimento em atenção básica reduz as internações, a mortalidade infantil e materna, os agravos em pacientes com comorbidade”, citou.

São Bernardo, que tem cobertura de 37,1% da cidade pelos agentes, afirmou que cerca de 15% dos profissionais estão afastados por atestado médico ou com restrições de função por conta da pandemia. A administração tem previsão de fazer concurso para contratar novos trabalhadores no segundo semestre – o processo foi aberto em 2020, mas suspenso na pandemia.

Diadema afirmou que tem cobertura da estratégia saúde da família de 74% da população e da atenção primária como um todo de 80,4% – os números do Ministério da Saúde, porém, mostram que a cobertura na cidade dos agentes de saúde comunitários é de 58,4% (veja arte ao acima). “Os agentes de saúde têm o protagonismo de trabalhar as ações de educação em saúde na comunidade, alertando sobre a prevenção da Covid”, disse a administração, em nota.

Ribeirão Pires afirmou que a queda na cobertura dos agentes se dá devido a pedidos de exoneração, seja por motivos pessoais ou mudança de município. Que desde março de 2020, devido à pandemia, não está permitida a contratação de novos agentes e que, enquanto houver esse cenário, não há perspectiva para o aumento da cobertura. As outras cidades não responderam até o fechamento desta edição. 




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