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Marias-fumaças resgatam história brasileira
Por Heloísa Cestari
Do Diário do Grande ABC
06/09/2007 | 07:05
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Diferentemente do que ocorre na Europa, Ásia e América do Norte, o sistema ferroviário no Brasil é escasso, obsoleto e perde espaço a cada dia para o transporte rodoviário, estimulado desde o governo Juscelino Kubitschek como forma de fomentar a indústria automobilística em solo nacional.

Só para se ter uma idéia, a nossa malha é igual à do Japão, país que tem o mesmo tamanho do Estado de São Paulo.E os Estados Unidos, com extensão territorial similar à nossa, apresenta uma rede 14 vezes maior que a do Brasil, que em 2004 completou 150 anos de existência e descaso. Mesmo assim, algumas linhas resistem ao tempo para oferecer circuitos recheados de história, música e comidas típicas.

A rota de 664 quilômetros entre Belo Horizonte e Vitória, por exemplo, promove uma verdadeira viagem ao passado, mas só foi descoberta pelo turismo recentemente. O comboio, que transporta até 1.700 passageiros, repete o caminho percorrido pelos bandeirantes há mais de um século.

Já a maria-fumaça que liga Bento Gonçalves a Carlos Barbosa, na Serra Gaúcha, promete muita diversão regada a vinho ao som da tarantela. Apresentações de coral, teatro e de dança gaúcha animam os vagões.

Na estação de Garibaldi, o passageiro tem a oportunidade de conferir os sabores que garantem à cidade o título de Terra do Espumante. E no ponto final, Carlos Barbosa, uma mesa de queijos convida o turista a mais um saboroso teste de paladar.

Minas - No último dia 28, a Estrada de Ferro Oeste de Minas, que liga São João Del Rey e Tiradentes, completou 126 anos de operação ininterrupta.

Com 11 vagões de madeira que totalizam 365 lugares, a maria-fumaça é conhecida como Bitolinha, pois é a única no Brasil que possui a bitola (espaço entre os trilhos) estreita, de 76 centímetros.

Passear na locomotiva é fazer uma viagem no tempo. Pelas janelas, os passageiros podem apreciar, durante o percurso de 13 quilômetros, o Rio das Mortes, palco da Guerra dos Emboabas (1707-1709), e a Serra de São José, área de preservação ambiental de 12 quilômetros de extensão também conhecida como Serra de Tiradentes.

Trem ferroviário - No mês de junho, quando o Nordeste se transforma num grande arraial, a cidade de Campina Grande, na Paraíba, cobiçada pela fama de realizar a maior festa de São João do mundo, ganha uma linha ferroviária para lá de animada. Trata-se do Trem Forroviário, que aos fins de semana leva uma multidão de turistas ao município de Galante, situado 12 km adiante.

Nenhum dos sete vagões dispõe de bancos. Mas se tivesse, ninguém sentaria, pois cada um deles é animado por um trio de músicos que não deixam ninguém ficar parado.

A locomotiva parte às 10h da Estação Velha de Campina Grande e retorna às 17h. Em Galante, a descontração prossegue com shows de forró, grupos folclóricos e iguarias sertanejas, como buchada de bode, feijão-verde, arrumadinho, cuscuz e cocada.

Projetos - Para não perder o bonde andando e chorar depois que o trem passou, vários projetos começam a pipocar em Brasília e nas assembléias legislativas em busca de investimento.

Destaque para o sonho de um trem-bala que promete cumprir o trajeto São Paulo-Rio de Janeiro em pouco mais de uma hora. Semana passada, os governadores dos dois Estados assinaram um acordo para viabilizar o projeto, que deverá consumir R$ 18 bilhões dos cofres federais.

Outra esperança é a reativação do chamado Trem Verde, que deverá partir de Campo Grande (MS) e percorrer 459 km Pantanal mato-grossense adentro, confirmando os saudosos versos de Almir Sater: “Enquanto este velho trem atravessa o Pantanal, as estrelas do cruzeiro fazem um sinal, que esse é o melhor caminho...”

Vitória – Belo Horizonte
São 664 quilômetros e 13 horas de duração, em vagões de primeira classe ou executiva. Há a opção de fazer apenas uma parte do trajeto, entre a capital mineira e a cidade histórica de Santa Bárbara (2h). O trem parte todos os dias às 7h de Vitória e às 7h30 de Belo Horizonte. A passagem custa R$ 39 (ou R$ 60 se for na classe executiva). Tel. (0xx27) 3279-4389.

Campinas – Jaguariúna
Passeios em trens construídos entre 1910 e 1920, passando por antigas fazendas de café do século 19. Os 24 quilômetros são percorridos em 3h30 (até a estação de Tanquinho, leva-se apenas 1h30). A passagem de ida e volta custa R$ 30 e as saídas ocorrem aos sábados (10h10) e domingos (10h10 e 14h10). Tel.: (0xx19) 3207-3637.

Pindamonhangaba – Campos do Jordão
A automotriz atravessa a serra da Mantiqueira, cruzando bosques com pinheiros. Dura 3 horas com paradas em mirantes e áreas de lazer.

Tel.: (0xx12) 3644-7408.

São Luís – Paraupebas
A ferrovia que liga o Maranhão ao Pará é percorrida por vagões com ar-condicionado e serviço de bordo. São 14 paradas ao longo dos 892 km da estrada de Ferro Carajás. Tel.: 0800-985-151.

São João Del Rey – Tiradentes
A maria-fumaça que circula entre os dois municípios mineiros faz um percurso de 13 km em 30 minutos de duração, passando pela Serra de São José e margeando o Rio das Mortes. Circula às sextas-feiras, sábados, domingos e feriados, com duas saídas de São João e duas de Tiradentes. A passagem para o trecho custa R$ 15 e a de ida e volta, R$ 25. Crianças de 5 a 10 anos e maiores de 65, por sua vez, pagam R$ 8 pela ida e R$ 15 pelo trajeto completo. Menores de 5 anos não pagam e os tíquetes dão direito a uma visita ao Museu Ferroviário de São João Del Rey.

Informações: (0xx32) 3371-8485.

Bento Gonçalves – Carlos Barbosa
Tradicional passeio de 23 quilômetros na Serra Gaúcha, em trem a vapor. A duração é de duas horas (ida), incluindo degustação de queijos e vinhos antes do embarque em Bento Gonçalves e de espumantes em Garibaldi, onde é feita uma parada para assistir a uma apresentação musical. Um coral típico italiano percorre os vagões durante o trajeto. Saídas às quartas-feiras e sábados, nos seguintes horários: 9h, 10h, 14h e 15h. Nos meses de julho e dezembro, os embarques são diários. A passagem custa R$ 40 (R$ 45 na alta temporada), com as degustações incluídas.

Tel.: (0xx54) 3455-2788.

São Lourenço – Soledade de Minas
O passeio, de dez quilômetros, com uma hora de duração, é feito em uma autêntica locomotiva de 1925, movida a vapor e popularmente chamada de Trem das Águas. A ferrovia foi construída pelos ingleses há 115 anos e permite trilhar o legendário caminho percorrido por D. Pedro II e sua comitiva imperial em busca do ameno clima mineiro e da salubridade das águas da região. Ela margeia o rio Verde, em um trajeto de duas horas animado por apresentações de música regional a bordo. Em Soledade há um pequeno museu ferroviário. O trem parte aos sábados (às 10h e às 14h30) e aos domingos (10h). A passagem custa R$ 20 na primeira classe e R$ 30 com degustação de queijos, doces e vinhos. Tel.: (0xx35) 3332-3011.

Rio Negrinho – Rio Natal
O trem a vapor parte do município catarinense de Rio Negrinho, faz uma parada em São Bento e segue até o povoado de Rio Natal, já na descida da Serra do Mar. São 4 horas de passeio, com refeição típica polonesa incluída. Tel.: (0xx47) 644-7000.

Tubarão – Imbituba (ou Tubarão – Urussanga)
O trajeto de ida tem 60 km e dura duas horas. Mas é preciso agendar o passeio em agências, que cobram uma média de R$ 25 (ida e volta) por pessoa. Tel.: (0xx48) 3632-3450.

Curitiba-Morretes-Paranaguá
Vagões turísticos ou litorinas com janelas panorâmicas fazem o percurso de 110 km pela Serra do Mar paranaense. Os passageiros podem admirar atrações como a Cascata Véu de Noiva, a ponte São João (com 55 m de altura) e o conjunto rochoso do Pico do Marumbi. O trem parte todos os dias às 8h15, com parada em Marumbi às 10h35 e chegada a Morretes às 11h15. Aos domingos, o passeio estende-se até Paranaguá (12h15). O retorno ocorre às 15h, com chegada a Curitiba às 18h. A Litorina, por sua vez, parte uma hora depois da capital paranaense e retorna às 14h30. Os preços das passagens variam conforme o tipo de vagão, chegando a R$ 460 pelo camarote exclusivo para seis pessoas. Na categoria econômica, o valor é de R$ 26 para a ida e R$ 20 para a volta. Já na turística, a tarifa de ida e volta para adulto custa R$ 84 e, para criança, R$ 42. O preço mais salgado é na Litorina, respectivamente R$ 208 e R$ 98. Dependendo da categoria, o passageiro tem direito a guia bilíngüe, lanches e bebida à vontade. E o roteiro noturno de Litorina, programado para os dias 14 de setembro, 10 de outubro, 17 de novembro e 7 de dezembro, custa R$ 95 para adultos e R$ 51 para crianças de 6 a 12 anos (menores de 6, acompanhados dos pais, não pagam). Reservas e informações: (0xx41) 3323-4007 e www.serraverdeexpress.com.br.



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