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Analistas dizem que venda da Ipiranga será difícil
Do Diário do Grande ABC
27/05/2000 | 15:33
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Nao deve ser nada fácil vender uma empresa onde, para autorizar estudos sobre sua reestruturaçao societária, houve a necessidade da assinatura de 52 nomes, entre pessoas físicas e representantes de pessoas jurídicas. O grupo de acionistas contratou o banco Chase Manhattan para analisar uma possível venda do controle do conglomerado. A profusao de nomes e sobrenomes - controlam o grupo as famílias Gouvêa Vieira, Tellechea, Ormozábal, Bastos e Mello - foi apontada como uma das principais razoes pelo insucesso da venda.

``Na verdade, o que eles estao tentando negociar, segundo o mercado, nao passaria de 14% do total das açoes', disse Carlos Eduardo Wright Domingues, coordenador da área de distribuiçao de derivados da Expetro.

Segundo ele, por causa desse percentual, pode-se perceber que o controle do conglomerado é dado por acordo de acionistas.

``Se as famílias venderem os supostos 14%, nao há transferência de confiança para os novos donos. Os possíveis compradores certamente analisaram tudo isso e ficaram receosos', explicou o coordenador.

Além disso, o valor supostamente pedido pela fatia - US$ 1,8 bilhao - é mais da metade da avaliaçao de todo o grupo feita pelo próprio Chase para a venda (US$ 3 bilhoes). ``Quem pagaria esse valor por esse percentual de participaçao?', perguntou Domingues.

Outro que compartilha que o excesso de nomes foi o motivo maior para o insucesso da venda da Ipiranga é Luis Otávio Laydner. ``As multinacionais buscam uma situaçao clara. Nao vao querer problemas com os minoritários. E estes, é claro, têm medo de serem prejudicados no processo de venda', afirmou.

Adalberto Cordeiro Guerra, da Expetro, reiterou o pensamento. ``Nenhuma grande empresa entra em confusao. Ela quer comprar o que o grupo Ipiranga vale, e nao problemas', disse.

``Os pequenos acionistas estao bastante atentos. Para que eles se unam e passem uma procuraçao para alguém nao é difícil. Se ocorrer isso, eles poderao se tornar um grupo forte e se tornar em mais um empecilho para a negociaçao da grupo empresarial. Num sistema de tantos cruzamentos e interligaçoes, como ocorre com a Ipiranga, isso poderia gerar um impasse', comentou Domingues.




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