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Racismo em verde e amarelo
Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
15/03/2005 | 12:12
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As relações raciais na cidade de São Paulo caminham no mesmo fio da navalha do restante da sociedade brasileira. Enquanto 98% responderam não ter preconceito de raça a uma pesquisa do IBGE, 97% disseram na mesma pesquisa já ter testemunhado um ato de preconceito. Esse dado que contribui para desmentir o mito da democracia racial brasileira está no documentário Preto e Branco, de Carlos Nader, em exibição no MIS (Museu da Imagem e do Som) de São Paulo (av. Europa, 158, Jardim Europa. Tel.: 3062-9197), com entrada franca em três sessões: 16h30, 18h30 e 20h30 (exceto segunda-feira) até domingo (dia 27).

O filme tem quatro episódios, produzidos em preto-e-branco, no formato entrevista. São depoimentos de negros e brancos, habitantes da metrópole, que apresentam suas impressões sobre os diferentes graus do racismo, em ambos os lados. Não foge de estereótipos raciais recorrentes: um branco cego que não gosta de orientais, um negro que não quer brancos no candomblé, um advogado negro bem-sucedido casado com uma mulher branca, o rapper Sabotage em um de seus últimos depoimentos sobre suas origens na favela, e Walkíria Ribeiro, rainha do Carnaval paulistano casada com executivo holandês.

Especialistas tentam colocar a questão sob o ponto de vista de antropólogos, economistas, psicólogos, artistas. A comparação entre os racismos brasileiro e norte-americano coube à atriz Regina Casé, que trabalhou com o diretor Nader na série Brasil Legal, da Globo. O filme sugere que o modelo racial brasileiro de miscigenação seria uma falsa democracia racial. Interessante na concepção ao reunir depoimentos tão distintos, a abordagem não vai além do arroz-com-feijão acrescentando pouco frescor a um tema amplamente debatido.



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