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Obrigação do uso de máscara gera resistência, dizem guardas municipais

Agentes adotam cuidado na orientação de munícipes que utilizam o item de proteção de forma errada; nenhuma multa foi aplicada no Grande ABC

Yasmin Assagra
Do Diário do Grande ABC
23/07/2020 | 00:01
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Celso Luiz/DGABC


A reação do desembargador Eduardo Almeida Prado Rocha de Siqueira, que destratou o GCM (Guarda-Civil Municipal) Cícero Hilário e jogou no chão a multa que lhe foi aplicada por transitar em via pública sem máscara em Santos, correu o País. Aqui no Grande ABC ainda não foi aplicada nenhuma punição pelas prefeituras e os agentes envolvidos nas fiscalizações dizem que as abordagens nem sempre são tranquilas.

As principais fiscalizações são em comércios ou bares, nos quais muitas pessoas ainda são flagradas sem o item. “No fim de semana atendemos 28 ocorrências de aglomeração em bares com algumas pessoas sem máscaras. Então, esta abordagem acontece dentro destes pontos, onde pedimos para colocarem a máscara, caso contrário, pedimos que se retirem do local”, comenta o GCM Rogério Durante, que trabalha em Santo André. “Até o momento, o Grande ABC, no geral, está bem colocado em relação às ações contra a Covid-19”, comenta o GCM.

A equipe de reportagem acompanhou, ontem, algumas abordagens feitas pelos agentes em Santo André. Próximo ao Paço e no Centro foram flagradas pessoas utilizando máscara de forma errada – no queixo ou pendurada na orelha. Ao perceberem a presença dos GCMs, colocaram o item antes mesmo da abordagem.
Em uma das situações, o GCM Pedro Barbosa orientou uma munícipe que estava com a máscara no queixo e foi elogiado pelo aposentado Getúlio Bueno, 69 anos, que passava pelo local. “Às vezes, tiramos para beber água ou comer alguma coisa em locais públicos, mas é sempre bom termos esse alerta, pois me incomoda pessoas que não utilizam a máscara” avalia Bueno.

O GCM ainda abordou dois rapazes, moradores de rua, que estavam usando a máscara de forma incorreta. Os homens não se identificaram, mas aceitaram novos itens doados pelos guardas.

RECEIO
Diante do caso do desembargador de Santos, os agentes andreenses mostraram frustração. “Nós não sabemos com quem falamos e, diante disso, abordamos as pessoas representando a Prefeitura (de Santo André), então o respeito precisa ser dos dois lados. É triste ver uma situação assim”, detalha o GCM João Batista Lino.

Já agente Rogério Durante conta que o caso com o desembargador não é um evento pontual e que isso ocorre no dia a dia, em qualquer região. “O histórico de pessoas que vão contra algumas regras ou decretos é comum, infelizmente. Diante disso, como podemos orientar e cobrar o uso de máscara, sendo que o desembargador se recusa a usar? É antagônico”, lamenta.

DETERMINAÇÃO
Desde o dia 7 de maio, está em vigor o decreto do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que obriga o uso de máscaras em locais públicos e estabelecimentos de todo o Estado. Já no dia 1º de julho, o governador estipulou multas para pessoas físicas, no valor de R$ 524,59 e de R$ 5.025,02 por usuário que estiver sem o item de proteção dentro de estabelecimentos comerciais. Diante disso, equipes da GCMs, com apoio da vigilância sanitária dos municípios, estão autorizados a multar quem desrespeitar o decreto, porém, até o fechamento desta edição, nenhuma punição havia sido aplicada nas sete cidades do Grande ABC e os profissionais seguem apenas orientando a população sobre o uso do item de proteção. 




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