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Cidades criticam Estado sobre testes a S.Bernardo

Secretários de Saúde da Região Metropolitana questionam governo acerca de privilégio ao município

Daniel Tossato
Do Diário do Grande ABC
23/06/2020 | 00:01
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Denis Maciel/DGABC


Em reunião do comitê de contingência do governo do Estado para debater ações de combate ao novo coronavírus em São Paulo, secretários de Saúde das prefeituras da Região Metropolitana cobraram a gestão de João Doria (PSDB) sobre os motivos pelos quais São Bernardo foi privilegiada em plano piloto de testagem, anunciado na sexta-feira.

O Diário mostrou no domingo que São Bernardo apareceu na planilha divulgada pelo Estado na sexta-feira como um dos pontos do projeto – que prevê 233,7 mil testes – ao lado de populações vulneráveis, categorias do funcionalismo público, como profissionais do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e do sistema penitenciário, além de idosos em abrigos e indígenas.

Doria reservou 25 mil testes ao município administrado por Orlando Morando (PSDB), um de seus principais aliados e que foi um dos coordenadores da campanha em 2018.

O Diário apurou que os secretários de Saúde dos municípios cobraram do Estado os critérios para incluir somente São Bernardo na listagem. Os representantes do Palácio dos Bandeirantes justificaram o programa, enalteceram o volume de testes como estratégia para mapear o avanço da Covid-19 no território paulista, mas pouco detalharam por que São Bernardo está no rol.

A única resposta citada, conforme fontes que participaram do encontro, foi que São Bernardo faz parte de um “estudo piloto” e por isso repassou os testes.

A gestão Morando ficará com a terceira maior parte dos exames, na frente até da GCM (Guarda Civil Metropolitana), com 22 mil testes, e do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), com 2.000.

Além da proximidade entre Doria e Morando, outro fator político levanta suspeitas nessa relação. O secretário de Saúde de São Bernardo, Geraldo Reple Sobrinho, integra o comitê estadual de contingência do novo coronavírus e auxilia o Estado de São Paulo a embasar as decisões para conter o avanço da Covid-19.

No Grande ABC, São Bernardo atingiu marca de 4.448 casos confirmados na noite de ontem, sendo 307 óbitos. A cidade está atrás de Santo André em número de infectados, embora esteja à frente no volume de mortes – o território andreense alcançou 5.143 casos confirmados da Covid-19 e 238 mortes.

O presidente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC e prefeito de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão (Cidadania), sustentou que não foi avisado do repasse dos exames e que o colegiado sequer foi informado da ação do governo do Estado. Ele não comentou se haverá reunião com o secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi (PSDB), para avaliar a situação.

Procurado sobre o caso, o Palácio dos Bandeirantes não se posicionou mais uma vez – a equipe do Diário já havia questionado a gestão Doria no fim da semana acerca do privilégio. A Prefeitura de São Bernardo tem minimizado a situação e alegou que está recebendo lotes de exames do Ministério da Saúde (testes rápidos) e do governo do Estado (PT-PCR).




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