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Grande ABC pode ter mais de 390 mil infectados pela Covid-19

Estimativa considera taxa de contaminação de 14% da população; região não tem UTIs suficientes

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
14/04/2020 | 00:01
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Nario Barbosa/DGABC


O Grande ABC pode ter 390,5 mil pessoas infectadas pelo novo coronavírus e destas, 19,5 mil podem precisar de um leito de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). As projeções têm sido feitas pelo Ministério da Saúde, que considera que, em média, 14% da população deve ter Covid-19 sintomática e 5% podem manifestar a forma mais grave da doença. Na região, se os números se confirmarem em um curto espaço de tempo, vão faltar leitos e respiradores, já que, de acordo com o Datasus, banco de dados do Ministério da Saúde, as cidades têm 882 leitos de UTI adulto e 1.240 respiradores, somadas as redes pública e privada.

Uma das formas de tentar conter o avanço da pandemia é reduzir o número de pessoas nas ruas e, por consequência, a quantidade de pacientes contaminados. O governo do Estado de São Paulo considera como meta que 70% da população das cidades deixem de circular e assim seja possível não só frear a proliferação dos casos, como também prestar atendimento adequado.

Na região, Diadema tem apresentado a maior adesão às medidas de distanciamento social e na média das medições que vêm sendo feitas pelo governo do Estado, com base em dados do sinal de telefonia celular desde o dia 8, 58,8% das pessoas ficaram em casa (leia mais abaixo). O governo estadual promete disponibilizar, em breve, dados de todos os municípios no site www.saopaulo.sp.gov.br/coronavirus.

Professor de infectologia da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) Olavo Leite lembrou que não existe vacina contra a Covid-19 nem um medicamento que seja indicado para seu tratamento. “Temos de incentivar o isolamento”, destacou. Professor de medicina na USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Davi Rumel pontuou que, apesar de já ter 23.430 casos confirmados da doença, o Brasil iniciou estratégias de contenção em estágios anteriores a outros países, como Inglaterra e Estados Unidos, por exemplo. “Já havia mais de 500 casos na Inglaterra quando foram adotadas medidas de isolamento. Aqui tínhamos pouco mais de 100”, citou. “Daqui a três ou quatro semanas é que vamos saber o resultado (desta antecipação)”, citou.

Leite frisou que todas as projeções que têm sido feitas têm como base padrões matemáticos e a experiência de países que enfrentam a pandemia há mais tempo do que o Brasil. “Não são números absolutos e podemos errar, para mais ou para menos. Nesta semana devemos ter impacto maior, tanto em número de casos quanto em número de mortes, e talvez isso sirva de alerta para as pessoas”, finalizou.

Sanitarista e doutora em saúde pública pela USP (Universidade de São Paulo), Raquel Marques destacou que a previsibilidade do que vai ocorrer nos próximos dias e semanas depende do comportamento humano. “Basta uma pessoa relaxar nos cuidados para mudar tudo”, exemplificou. Para a especialista, o componente do monitoramento pelo Estado de São Paulo sobre o percentual de pessoas que estão circulando pode ser um elemento a mais na tentativa de prever os números de infectados. “Vamos buscando formas de trabalhar com essas projeções”, concluiu. 




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