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Vida longa para a Torre Eiffel
Da AFP
27/01/2011 | 07:30
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Deixada durante mais de um século aos cuidados exclusivos de operários e pintores, a Torre Eiffel, monumento emblemático de Paris, a capital francesa, dispõe agora de um diagnóstico sobre sua conservação feito por modelagem digital, o que permitirá ao monumento enfrentar com tranquilidade os próximos dois ou três séculos.

Quando, em 1889, foi construída por Gustave Eiffel por ocasião da Exposição Universal de Paris, a torre estava prevista para ser desmontada após 20 anos. A questão é como suas 18 mil partes resistiram ao tempo, às adaptações e aos milhões de visitantes que recebe por ano.

Embora tenha resistido bem às intempéries, foi necessário criar um modelo virtual digital e resolver uma equação com mais de 1 milhão de incógnitas para se certificar de seu bom estado de conservação. Quando Stephane Roussin chegou para atuar como responsável pela estrutura da Torre Eiffel, ele descobriu com surpresa a dimensão artesanal da manutenção do monumento. "Grosso modo, fazia-se um exame completo quando era pintada e, segundo o que os pintores encontravam, era feita a manutenção", contou.

"Eu venho de outra área, onde primeiro se faz um modelo dos elementos novos e em seguida se realizam", acrescentou Roussin, ex-oficial da Marinha que trabalhou no porta-aviões francês Charles de Gaulle.

Em 2008, a Sete (Sociedade de Exploração da Torre Eiffel) encomendou um modelo digital da torre, de 324 metros, do mesmo tipo feito para outras construções tão espetaculares como o viaduto de Millau (França, com 2.460 m de comprimento por 343 m de altura), as torres-gêmeas Petronas na Malásia (452 m de altura) e a torre Burj Khalifa, de Dubai (828 m).

O problema é que o comportamento dos materiais modernos usados nessas obras são bem conhecidos, mas este não é o caso da Torre Eiffel. Enquanto dois engenheiros do Centro Técnico de Indústrias Mecânicas estudavam os planos originais de Gustave Eiffel para produzir o modelo digital, outros submetiam seus elementos a todo tipo de teste mecânico e químico para introduzir os valores corretos em seus cálculos.

Uma surpresa agradável foi descobrir que o ferro puddlé, utilizado por Eiffel e que na época servia para fazer ferraduras, reage quase como a madeira, mas com resistência superior, e se oxida muito menos que o aço.

Com todos os elementos obtidos em 2009, os engenheiros começaram a fazer testes virtuais importantes para estudar a estrutura e seus 148 mil ‘nós' em função de circunstâncias diversas (vento, neve, visitantes).

Após seis meses de cálculos, o modelo dinâmico da torre estava pronto para permitir todo tipo de simulações. Stephane Roussin recusou-se a revelar as circunstâncias extremas que poderiam danificar a construção, mas afirmou que "a Torre ainda tem uma boa margem".

O modelo permitiu, sobretudo, compreender que as áreas mais vigiadas até agora não eram as mais delicadas, e outras mais vulneráveis eram menos atendidas. Todos esses dados são úteis para preparar a torre para seus desafios futuros, o primeiro dos quais é o aquecimento global e a contaminação atmosférica.

Em 2009, ao completar 120 anos, a Torre Eiffel, um dos símbolos de Paris e um dos monumentos mais conhecidos do mundo, recebeu 6,6 milhões de visitantes.




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