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Lula, o novo associado da CredABC
Por Isaías Dalle
Do Diário do Grande ABC
30/04/2005 | 18:20
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O presidente Luiz Inacio Lula da Silva assina na próxima segunda-feira ficha de filiação à cooperativa de crédito do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a CredABC, em visita à sede da entidade, em São Bernardo do Campo. Ele pretende fazer um depósito inicial de R$ 1 mil. O presidente, que dirigiu a entidade nos anos 70, aproveita para “dar o exemplo” e responder às críticas que recebeu por ter dito, no último dia 25, que a população paga juros altos por comodismo.

Na ocasião, durante o lançamento oficial do Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado, Lula afirmou que “(o brasileiro) é incapaz de levantar o traseiro de uma cadeira e ir ao banco ou ao computador fazer a transferência de sua conta para um banco mais barato”. A declaração foi considerada contraditória, no mínimo, por diversos setores. As críticas apontaram que o próprio Banco Central patrocina a alta de juros básicos da economia, a Selic, atualmente em 19,50%, e que também os bancos oficiais oferecem crédito a taxas altas de juros.

A assinatura da ficha de filiação deve ocorrer entre meio-dia e 13h, após visita do presidente à fábrica da Volkswagen, na mesma cidade, onde participará da comemoração pela marca de 25 milhões de veículos produzidos. Será a 12ª visita do presidente à região.

A CredABC, fundada em agosto de 2003, tem 585 cooperados e um capital de R$ 285 mil. Para fazer parte, o filiado ao sindicato precisa fazer um aporte inicial mínimo de R$ 155, que podem ser divididos em até quatro vezes. Depois de inscrito, o cooperado precisa depositar pelo menos R$ 10 mensais. Dessa forma, a cooperativa vai consolidando seu capital. Em média, cada cooperado da CredABC já depositou R$ 490.

Até o momento, a cooperativa fez 320 empréstimos, de valor médio de R$ 1,3 mil cada. A taxa de juros é de 2,3%, mais TR (Taxa de Referência), mas vai decaindo à medida que as prestações são pagas. “Adotamos juros simples, e não compostos”, explica José Vitório Cordeiro, o Zezinho, coordenador da CredABC. Isso significa que os juros recaem apenas sobre o saldo devedor, e não sobre o total do empréstimo. Assim, se alguém toma R$ 1 mil de crédito, na segunda parcela o cálculo do juro vai descontar o valor da primeira parcela e assim sucessivamente. Não há tarifa de nenhum tipo, e o capital depositado pelos cooperados é remunerado pela taxa da poupança mais 10% sobre ela. Nos bancos comerciais, a taxa média do cartão de crédito, por exemplo, está em 10,13% ao mês, em valores de março.

Mas nem tudo é tão simples. O próprio coordenador da CredABC admite que o número de cooperados até agora é pequeno, se considerado o número de metalúgicos na base do sindicato – em torno de 140 mil – devido ao rigor do processo de concessão de crédito. “Se alguém trabalha numa empresa que fez convênio com a cooperativa para desconto do empréstimo em folha, a concessão é imediata. Caso contrário, pedimos que o cooperado traga cheques pré-datados no valor das prestações e apresente um avalista”, diz Zezinho. Até agora, a CredABC tem convênio com sete empresas.

Os empresários paulistas, por meio da Fiesp, já criaram três cooperativas de crédito. Uma delas funciona em São Bernardo. O Sicredi (Sistema de Crédito) Ciesp ABC Paulista tem 150 cooperados e já concedeu 50 empréstimos, que giram em torno de R$ 25 mil e R$ 30 mil. Para fazer parte, o empresário têm de fazer um depósito inicial de R$ 2 mil – microempresa – a até R$ 20 mil – grande empresa –, em até 15 vezes. O Sicredi tem uma capital de R$ 400 mil e tem a receber outra soma igual.

Críticas – O presidente da CUT, Luiz Marinho, voltou a criticar sexta-feira a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, de ter aumentado a taxa de juros Selic de 19,25% para 19,50% e também o conteúdo da ata divulgada no último dia 28. “Se o próprio Compom admitiu (na ata) que a inflação está sendo gerada por apenas alguns setores da economia, não pode aplicar um remédio que afete a todos, inclusive os que estão produzindo e não estão pressionando a inflação”, afirma.

Marinho afirma que é necessário definir os segmentos da economia que estão pressionando a inflação. “Precisamos saber que setores são esses, e o governo federal tem que sentar com esses empresários, seja do setor financeiro de outro ramo, e encontrar uma solução.”

Colaborou Frederico Rebello Nehme



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