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Matrículas da EJA caem 6,35%

Na rede municipal do Grande ABC, número de alunos da Educação de Jovens e Adultos passou de 10.371 para 9.712 entre 2015 e 2018

Flavia Kurotori
Do Diário do Grande ABC
27/09/2019 | 07:00
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Arquivo/Agência Brasil


O número de matrículas na EJA (Educação de Jovens e Adultos) caiu 6,35% na rede municipal da região, de 10.371 para 9.712 alunos, entre 2015 e 2018. Ainda que, percentualmente, a queda seja pequena, pesquisa do Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da USCS) aponta que o dado é reflexo da baixa difusão da modalidade.

Para se ter ideia, segundo o Censo 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Grande ABC tinha 563,5 mil pessoas com ensino fundamental incompleto e 410,1 mil não concluíram o ensino médio. Antes chamado de supletivo, o EJA é destinado a maiores de 18 anos.

“Isso evidencia a fragilidade do direito à educação no País”, avalia Adriana Pereira da Silva, pedagoga, especialista em educação e pesquisadora do Conjuscs. “Atualmente, a questão da educação às crianças está bem difundida, mas a EJA ainda não está consolidada.”

Ítalo Curcio, coordenador do curso de pedagogia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, acrescenta que não há campanhas que motivem que adultos voltem à escola. “Vemos muito incentivo do poder público em outras campanhas, como de vacinação, porém, não existe nenhuma campanha para esta modalidade de ensino”, explica.

Para Adriana, outro fator agravante é que o programa é utilizado como política de governo. “A redução nas sete cidades veio após a troca de administração, ou seja, tanto o número de vagas quanto o incentivo variam de acordo com a ideologia dos prefeitos. Historicamente, o Estado fecha salas da EJA, e os municípios estão indo pelo mesmo caminho.”

Curcio assinala que, ao analisar o número de matrículas, também é preciso considerar o número de habitantes. Em 2015, a região totalizava 2,719 milhões de moradores, ante 2,771 – aumento de 1,91%, de acordo com o IBGE. Assim, mesmo que o crescimento populacional seja tímido, a queda nas inscrições do antigo supletivo preocupa.

Além disso, o docente da Mackenzie afirma que muitas escolas mantêm o programa de ensino inalterado. “As mudanças são rápidas e o plano de ensino deve seguir isso para atrair e manter estudantes”, observa. “O principal concorrente da EJA é o cotidiano, pois jovens e adultos têm trabalhos e são chefes de família, por isso tem que haver motivação.”

Ainda que a rede municipal tenha retraído, as matículas em escolas estaduais tiveram aumento de 58% no período. Contudo, Adriana lembra que o possível corte do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) pode afetar o cenário.

A equipe do Diário questionou as quatro prefeituras que registraram queda na oferta. Apenas São Bernardo respondeu, informando que o número de vagas oferecido pela EJA está de acordo com a demanda. Ribeirão Pires, onde não há matrículas na rede municipal, também não se posicionou.




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