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Miguel Magno: TV é exceção
Por Renata Petrocelli
Da TV Press
24/05/2005 | 08:15
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Miguel Magno, aos 30 anos de carreira no teatro, não tem nem dez novelas no currículo. Mas ele acha que a medida está perfeita, apesar de adorar o retorno do público com relação aos personagens de teledramaturgia. Viver a excêntrica Dona Roma, de A Lua me Disse (Globo), só tem aumentado sua certeza. Dona Roma já pertencia ao ator antes mesmo de a novela ser escrita. Na peça Síndromes, também de Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa, ela era uma senhora de 87 anos, vivida por Magno, que tinha passado por 27 cirurgias e carregava 38 pinos no corpo. Transposta para a novela virou um homem com a mania de se vestir de mulher.

PERGUNTA: Interpretar um homem que se veste de mulher é muito diferente de viver um papel feminino?
MIGUEL MAGNO: A grande diferença é a graça que há na interpelação dos outros personagens. Todos eles, principalmente o Agenor, brincam muito com a cara da Roma, e sempre num tom que não é nada sutil. Então, por mais que eu leve para o lado da delicadeza, da sensibilidade feminina, fica sempre um questionamento no ar, que vem da postura dos outros personagens diante dela.

PERGUNTA: Você teve alguma preocupação em justificar a estranheza da personagem?
MAGNO: Num primeiro momento, fui pelo lado de uma moda que há, chamada cross-dressing, que reúne pessoas que se encontram para desfrutar do prazer de se vestir com as roupas do sexo oposto. Não é uma doença, é uma moda.

PERGUNTA: Para você, o que é mais difícil no personagem ?
MAGNO: A preparação. A maquiagem é um processo longo e cansativo. Na verdade, demora mais para tirar do que para botar. Ficar parado na cadeira quase uma hora é difícil. Depois que diz o 'gravando!, é ótimo, porque a gente faz um teatrinho ali.

PERGUNTA: Você gostaria de fazer mais novelas do que costuma fazer?
MAGNO:
TV você não pode querer fazer. É raro um personagem bom, as coisas mudam de uma hora para outra. Acho bom com um personagem como este, consistente, que tem resultados. Porque TV é feita para as massas. Se for para passar em branco, melhor não fazer.

PERGUNTA: Quais as principais diferenças de se fazer TV?
MAGNO: A diferença fundamental é a quantidade de público. Com a TV, você atinge milhões, enquanto o teatro tem um público restrito. Quanto ao trabalho, no teatro você tem tempo de lapidar mais. Na TV, você grava e o papel vai para o lixo. Mas vai para o mundo também, e o ator recebe uma porcentagem ridícula por isso. Afinal, a TV é uma indústria. Ela quer que você venda. Na TV, você e uma garrafa de refrigerante têm o mesmo papel.




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