Política Titulo São Bernardo
Justiça Federal libera obra para construir Fábrica de Cultura

Morando projeta que equipamento, que substituirá Museu do Trabalhador, será entregue em janeiro

Por Daniel Tossato
Do Diário do Grande ABC
26/07/2019 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


A Justiça Federal autorizou o governo do prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), a executar obras de adequação no antigo Museu do Trabalho e do Trabalhador, que será transformado em Fábrica de Cultura. A estimativa do tucano é entregar o equipamento, no Centro da cidade, até janeiro.

O prefeito revelou ontem o aval recebido pelo judiciário para as intervenções. Ele projetou assinar em setembro a ordem de serviço da obra, que terá duração de 150 dias.

“No fim de janeiro a obra estará pronta. Ao mesmo tempo, com autorização do (governador do Estado, João) Doria (PSDB), nós vamos assinar o convênio para fazer a gestão”, declarou. A Fábrica de Cultura será adequada pela Prefeitura de São Bernardo, mas a gerência ficará sob responsabilidade da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo – que costuma terceirizar a administração para uma OS (Organização Social). Estimativa do chefe do Executivo é a de que a ordem de serviço seja cumprida na primeira quinzena de setembro.

O tucano disse que haverá aporte de R$ 5,5 milhões para conclusão da estrutura – embora ele tenha admitido que essa quantia pode ser menor devido à licitação. “Com a concorrência, a tendência são os valores caírem. O edital foi confeccionado com anuência do Ministério Público para que não paire nenhuma dúvida sobre a lisura do processo de contratação”, alegou o chefe do Executivo.

Outra medida que será adotada pela Prefeitura de São Bernardo é tentar, na Justiça, reaver parte dos R$ 76,1 milhões que foram bloqueados judicialmente de 20 acusados de irregularidades na implantação do Museu do Trabalho. O ex-prefeito Luiz Marinho (PT) e três ex-secretários (José Cloves, Osvaldo de Oliveira Neto e Alfredo Buso) estão entre os acusados. Morando só evitou detalhar como tentará obter esse recurso.

“Para terminar a obra eu vou pegar dinheiro do município, não tem convênio para concluir o prédio, nem da União nem do Estado. Aquilo que nós estamos colocando, que são estes R$ 5,5 milhões, eu entendo que podem ser ressarcidos. Se a gente conseguir isso, já seria uma grande vitória”, sustentou. “Ninguém queria ver isso aqui como museu do trabalhador até porque ele ficou rotulado como museu da corrupção.”

A Fábrica de Cultura irá ocupar a obra que inicialmente receberia o Museu do Trabalho e do Trabalhador, idealizado na gestão de Marinho, em 2012, com previsão de custo de R$ 18 milhões. O objetivo era contar a história fabril de São Bernardo, passando pelo período sindical. Desde o início a obra sofre desgaste político, com o questionamento de que a estrutura, com recurso da União, serviria para enaltecer a carreira política do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), padrinho político de Marinho. O petista sempre negou cunho político desse projeto.

A construção travou ao longo do processo. Primeiramente por falta de verba. Depois por suspeita de irregularidades. O Diário mostrou que a empresa contratada para erguer o prédio, a Construções e Incorporações CEI, tinha como sócio um desempregado morador da periferia de Diadema. A situação parou no MPF (Ministério Público Federal).

No fim de 2016, o MPF e PF (Polícia Federal) deflagraram a Operação Hefesta, que levou à prisão dois secretários do então governo Marinho, além de empresários envolvidos no episódio – houve apontamento de desvio de recursos em diversas fases do projeto, o que Marinho nega. 




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