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Família desiste de canonização de milagreira de Santo André

Após uma década, processo para investigar santidade de Vanilda Sanches Béber não avança

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
07/07/2019 | 07:00
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DGABC


Familiares da bailarina Vanilda Sanches Béber, morta em 1958, aos 15 anos, e que tem fama de milagreira na região, desistiram de avançar com o processo que busca a sua canonização. A coleta de informações e documentos para verificar a santidade da moça, etapa que precede a solicitação do título junto ao Vaticano pela Diocese de Santo André – responsável pelo Grande ABC –, teve início há cerca de dez anos, no entanto, não avançou.

A decisão da família leva em conta a considerada burocracia para provar os milagres relatados pelos devotos de Vanilda, processo que chegou a contar com ajuda de integrantes da Diocese e reunir 50 casos, mas foi deixado de lado ao longo dos últimos anos. Procurada para comentar o tema, a Igreja Católica no Grande ABC não retornou até o fechamento desta edição.

Um dos principais fatores para que o assunto perdesse força foi a morte da cabeleireira e costureira Eunice Pereira Sanches, mãe da jovem, aos 97 anos, em 2017. Ela dedicou a vida a tornar os milagres da filha conhecidos, após ter sido consolada por senhora desconhecida, vestida de azul, na hora do sepultamento da menina, quem associou à Nossa Senhora Aparecida.

Na última entrevista que concedeu ao Diário, em 2015, dona Eunice lembrou que pouco tempo após a morte de Vanilda ela começou a ser procurada por pessoas que desejavam relatar milagres associados à moça. “Percebemos que saía água do túmulo, e foi aí que começaram a fazer os pedidos”, contou, na época. Foi à mãe que a jovem, por meio de sonho, transmitiu oração destinada aos fiéis. A reza (leia acima) está disponível em panfletos no túmulo de Vanilda, no Cemitério da Saudade, na Vila Assunção, em Santo André.

A fama da jovem está estampada na entrada do cemitério, onde sua foto figura ao lado de personalidades conhecidas da cidade, como é o caso do ex-prefeito Celso Daniel (morto aos 50 anos, em 20 de janeiro de 2002). A capela onde a moça está enterrada reúne pelo menos 200 placas feitas por fiéis em agradecimento às graças alcançadas. Uma delas foi colocada pela florista Maria Leonor Pinto Vieira, 80 anos, há cerca de 30 anos. Devota de Vanilda, ela recorreu à milagreira em busca de solução para problemas familiares. “Prometi que nunca revelaria o pedido e ela me ajudou. Já considero ela santa, assim como todas as pessoas que visitam o túmulo dela e são agraciadas.”

Para os parentes da milagreira, o importante é que Vanilda continua a ajudar aqueles que nela acreditam. Além dos ‘santinhos’ com foto da moça e sua oração, o túmulo também concentra cartões e pedaços de papel com pedidos diversos. Desde ajuda para a manutenção do matrimônio e para encontrar veículos roubados até pedidos para união familiar e saúde dos entes queridos.

VIDA

Embora tenha nascido no bairro da Penha, na Capital, Vanilda chegou ao Grande ABC com 5 anos. Desde pequena revelou sua aptidão para o canto e para a dança e, aos 9, apresentou-se pela primeira vez na rádio. Aos 13, fundou uma academia e, dois anos mais tarde, morreu. Oficialmente, uma apendicite aguda tirou a vida da jovem, no entanto, há relatos de que ela tenha sofrido um aborto. 

A jovem casou-se em abril de 1958, antes de completar 15 anos, engravidou três meses depois e morreu em outubro. Conforme a mãe, devido à sua infelicidade no casamento, acabou virando intercessora das noivas que desejam um bom marido.

Irmã Dulce é confirmada pelo papa como primeira santa brasileira

O papa Francisco confirmou, em 1º de julho, que Irmã Dulce será a primeira santa brasileira. A celebração de canonização está marcada para 13 de outubro de 2019, no Vaticano, durante o Sínodo para a Amazônia.

A promulgação do decreto de canonização foi feita em 14 de maio, após o reconhecimento do segundo milagre da freira baiana – cura de uma pessoa cega.

O milagre aceito pelo Vaticano precisou passar por três etapas de avaliação: aval científico dado por peritos médicos; pareceres de teólogos e a aprovação final pelo colégio cardinalício. O primeiro fenônemo reconhecido pela Igreja, em 2010, elevou Irmã Dulce à categoria de beata. Conforme as Obras Sociais Irmã Dulce, são pelo menos 10 mil relatos de fiéis, não só do Brasil, relacionados a graças diversas, como cura de câncer e outras doenças, superação de vícios, sobrevivência a acidentes graves, entre outros pontos.

Oficialmente, a santa, que morreu em 13 de março de 1992, passará a ser lembrada no calendário litúrgico católico no dia 13 de agosto, ao lado dos santos Ponciano e Hipólito. Além de Irmã Dulce, serão canonizados durante o Sínodo da Amazônia os beatos John Henry Newman, cardeal fundador do Oratório de São Filipe Néri na Inglaterra; Giuseppina Vannini (antes Giuditta Adelaide Agata), fundadora das Filhas de São Camilo, na Itália; Maria Teresa Chiramel Mankidiyan, fundadora da Congregação das Irmãs da Sagrada Família, na Índia, e Margherita Bays, Virgem, da Ordem Terceira de São Francisco de Assis, da Suíça. 

Irmã Dulce se torna santa 27 anos após a morte – somente a santificação do papa João Paulo II (nove anos após sua morte) e de Madre Teresa de Calcutá (19 anos após seu falecimento) exigiram menos tempo. Francisco é o papa que mais criou santos na história. Conforme o serviço Vatican News, foram 879 até outubro. 

O primeiro santo de nascimento no Brasil foi Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, o Frei Galvão. Sua canonização foi celebrada em maio de 2007.




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