Setecidades Titulo Crime brutal
Banheiro sujo motivou a morte de menino de 13 anos em Utinga

Padrasto da vítima se entregou à Polícia Civil ontem, no Rio de Janeiro, e confessou o crime

Por Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
17/10/2018 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


 O ajudante de acabamento Waldenberg Eugênio Souza, 33 anos, confessou ter matado o enteado de 13 anos por sufocamento após o adolescente se negar a limpar o banheiro, na manhã de segunda-feira, no Núcleo dos Ciganos, Utinga, em Santo André. Foragido desde o dia do crime, o acusado, conhecido como Dentinho, se entregou ontem à Polícia Civil do Rio de Janeiro.

Em seu depoimento, o padrasto contou ter dado um golpe mata-leão em Erick Ferreira Souza, depois de o garoto não acatar suas ordens para que o banheiro da residência onde moravam “fosse seco”. Durante a discussão, Souza teria enforcado o jovem até que ele perdesse todos os movimentos. A vítima morreu no próprio local.

O irmão mais novo, Ítalo Ferreira Souza, 3, filho biológico do ajudante de acabamento, também foi atacado com uma ‘gravata’, mas sobreviveu aos ferimentos e segue internado, em observação, no Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André.

“Ao confessar o crime, Waldenberg confirmou ter tido, nos últimos meses, diversas brigas com o Erick após a separação com a mãe das crianças, e que nesta última acabou perdendo a cabeça. Na sua fala, ele conta que chegou a acreditar que o filho também estava morto ao sair da casa”, afirmou José Itamar Martins, delegado titular do 2º DP (Camilópolis) e responsável pelo caso.

Câmeras de segurança instaladas na rua do crime – Largo da Estação – mostram que o padrasto saiu da residência com uma bolsa, por volta das 8h30, mesmo horário em que vizinhos afirmam ter escutado barulho dentro do imóvel. 

Segundo a investigação, Waldenberg teria cometido o crime minutos antes de deixar a residência. “As imagens mostram que a Ana Antonia Ferreira, (43), mãe dos meninos, saiu para trabalhar uma hora antes, ou seja, foi neste intervalo de tempo que tudo deve ter ocorrido”, observa Martins.

Logo após matar o enteado, o padrasto foi até rodoviária próxima, possivelmente o Tersa (Terminal rodoviário de Santo André) e comprou uma passagem de ônibus em direção ao Rio de Janeiro, onde a tia de Waldenberg mora.

Ao chegar na cidade, ainda na noite de segunda-feira, o acusado revelou ter dormido na rua e que, somente ontem, teria ido até a casa dos familiares, próxima à comunidade da Rocinha. No local, foi orientado pela tia a se entregar à polícia, momento em que se dirigiu até a delegacia mais próxima.

Com o pedido de prisão temporária expedido pela Justiça, Waldenberg deve ser transferido para o CDP (Centro de Detenção Provisória) de Santo André ainda hoje, data em que deverá chegar ao município. Dentinho responderá por homicídio qualificado consumado, em virtude do motivo fútil do crime. Por ser réu primário, ele poderá pegar, em média, 20 anos de prisão, segundo o delegado titular do caso.

DEPRESSÃO

Separado da mãe dos garotos há um ano, depois de 12 anos de união, Waldenberg confirmou enfrentar desde então quadro de depressão, inclusive com uso contínuo de medicamentos para controlar a ansiedade. Ao ser interrogado pela polícia, o padrasto disse ter tentado tirar a própria vida ao tomar veneno de rato, popularmente conhecido como ‘chumbinho’, há cerca de um ano.

Família lamenta convívio com ‘monstro’ pelo período de 12 anos

Comoção e revolta marcaram ontem o enterro do jovem Erick Ferreira Souza, 13 anos, no Cemitério do Curuçá, em Santo André. Indignados com o crime, familiares lamentaram o convívio com o padrasto do adolescente, o ajudante de acabamento Waldenberg Eugênio Souza, 33, o Dentinho, pelo período de 12 anos.

“Depois de tantos anos juntos, ele só mostrou para nós que tinha um monstro dentro dele. Máscara essa que caiu quando ele matou com frieza nosso Erick”, desabafou Marluce Ferreira, 41 anos, tia do menino. Segundo ela, Dentinho se mostrava uma pessoa tranquila, embora nos últimos meses tivesse apresentado períodos de explosão. “Ele nunca foi agressivo, somente nas palavras. Falava sem pensar muito”, revelou Marluce.

Cerca de 100 pessoas se reuniram no fim da tarde de ontem na despedida de Erick. Bastante emocionada, a mãe do garoto permaneceu o tempo todo sentada ao lado do caixão. Amigos da vítima lembraram a paixão do jovem por futebol.




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