Economia Titulo Cenário regional
Grande ABC abre 6.441 empresas em um ano

Estudo mostra que firmas de menor porte foram as únicas que cresceram em relação a 2017

Por Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
01/07/2018 | 07:07
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EBC


O Grande ABC ganhou, em um ano, 6.441 empresas, número que representa alta de 2,5% em comparação a 2017. De acordo com estudo do IPC Maps, cedido com exclusividade ao Diário, até abril a região contabilizava 286.222 CNPJs abertos. Apesar do incremento, que é maior do que a média nacional (0,15% de crescimento no período), especialistas ponderam que esse volume não impactou diretamente na geração de empregos. Isso porque 96,46% do total (276.099) são negócios que possuem até nove funcionários.

A pesquisa tem como base dados do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) fornecidos pelas próprias empresas. A próxima faixa de funcionários (de 10 a 49) registra 8.256 empresas. Porém, as que mantém mais de 500 trabalhadores representam a minoria, com apenas 131 exemplares (mais informações na arte ao lado).

Na comparação com 2017, o único extrato que teve crescimento foi o de pequenas empresas, que passou de 269.066 para 276.099 (2,61% ou 7.033 a mais). No intervalo entre 10 e 49 trabalhadores, a queda foi de 5,04% (8.694 para 8.256), de 50 a 99, houve redução de 6,16% (de 1.055 para 990), de 100 a 499 o recuo chegou a 10,01% (de 829 para 746) e, nas acima de 500 colaboradores, a retração foi de 4,38% (de 137 para 131).

De acordo com o coordenador do IPC Maps e responsável pela pesquisa, Marcos Pazzini, no cenário nacional houve desaceleração na abertura de empresas como um todo, especialmente nas de menor porte. Já na região o movimento foi contrário, uma vez que, do total das 286.222 empresas, 193,8 mil são classificadas como ME (Microempresa) e MEI (Microempreendedor Individual), ou seja, 67,7% do total na região. No ano passado, elas representavam 61,86% (170.811) do montante.

“O maior crescimento foi na faixa de empresas com até nove funcionários. Dentro desta fatia você tem as microempresas e os microempreendedores individuais. Então, isso pode significar regularização de negócios e manutenção da mão de obra, já que em todos os outros extratos a partir de 10 funcionários houve queda em relação a 2017. Não é um gerador de emprego, porque quem emprega mais são firmas que têm maior número de funcionários”, analisou Pazzini.

Para o coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, o cenário ainda é fruto da crise econômica. “O surgimento de algumas destas pequenas empresas são alternativas à crise e ao desemprego, e surgem justamente na área de serviços. A pessoa perde o emprego na indústria e, por exemplo, abre uma sorveteria e contrata seis funcionários. Isso é bastante natural em momentos de crise. Mas uma coisa que precisa ser analisada é quanto tempo essas empresas vão durar, muitas delas surgem e dois anos depois desaparecem, porque foram constituídas sem plano de negócios bem feito”, avaliou.

Já o economista e professor da Escola de Negócios da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) Jefferson José da Conceição ponderou que as pequenas empresas também são fruto da verticalização das grandes. “São empresas muito pequenas, que impactam bem menos e não compensam as perdas das grandes. Boa parte é fruto da fragmentação das grandes, da terceirização do emprego. Trabalhadores que tinham carteira assinada passam a ser CNPJ, desempenhando a mesma função.”

Serviços tomam espaço do comércio varejista

No último ano encerrado em abril, o Grande ABC presenciou abertura de empresas do ramo de serviços, especialmente de alimentação e serviços e pessoais, no lugar de lojas. Para se ter ideia, segundo o IPC Maps, das 6.441 aberturas, 1.074 foram de alimentação, totalizando 20.556, e 1.873 de serviços pessoais, somando 16.495. Os dois segmentos representam 45,75% das novas empresas. Ao mesmo tempo, o comércio varejista viu o fechamento de 469 negócios, para 70.952 (0,66%).

De acordo com Marcos Pazzini, coordenador do IPC Maps, o comércio é o termômetro da economia na região. “É o setor que gira a economia de consumo. O que observamos é que a população tem mudado de hábitos em relação à compra de produtos, migrando para internet ou shoppings. E o comércio de rua tem que se adaptar isso, senão vai sofrer bastante ainda”, disse. Ao mesmo tempo, a maior parte das aberturas de empreendimentos é de serviços.

Os centros de compras da região já sentem esta mudança no comportamento do consumidor. “A migração das lojas de rua para os shoppings é um movimento natural, em razão de segurança, praticidade e conforto, uma vez que hoje os centros de compras têm serviços, lazer e consumo em um só lugar”, afirmou o ParkShopping São Caetano, em nota. Segundo o empreendimento, em 2016, 2017 e 2018 a vacância de lojas se mantém na média de 2%, ou seja, 98% das áreas estão locadas.

No Grand Plaza Shopping, em Santo André, três lojas e cinco quiosques foram abertos neste ano, sendo dois direcionados à alimentação. O shopping espera oito aberturas.

O Praça da Moça, em Diadema, teve abertura de 33 lojas em 2016, 25 em 2017 e, neste ano, foram 12 até o momento. Das 70 contabilizadas, a maioria é relacionada ao ramo de alimentação (13 lojas).

A BRMalls, empresa que administra o Shopping ABC, em Santo André, e o São Bernardo Plaza Shopping, aponta que o ABC vem investindo em opções gastronômicas. Em abril, inaugurou restaurante argentino e, em maio, mais duas unidades na praça de alimentação. Recentemente, foi aberta hamburgueria e há previsão de mais outra e de um restaurante italiano.  




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