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Lugares e alguém para conversar

Jovens brasileiras ainda encontram dificuldade para discutir sobre universo sexual

Por Tauana Marin
Diário do Grande ABC
15/04/2018 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


Estamos no século 21 e não faltam informações para todos os lados. A televisão fala sobre tudo em qualquer horário, as revistas exploram assuntos mais diversos que nunca e a internet disponibiliza dados a qualquer momento. Apesar de esse avanço dos tempos, falar sobre sexo ainda é complicado, principalmente quando as personagens são as jovens. Pelo jeito, as meninas continuam a encontrar dificuldade para ter informações sobre o universo sexual em diversos âmbitos.

Levantamento organizado pela empresa farmacêutica Bayer conversou com 1.500 mulheres com idade entre 16 e 25 anos de todas as regiões do País. Na pesquisa, 41% dessas jovens brasileiras não conversam sobre o assunto com seus pais. Outros 33% das entrevistadas não tiveram acesso a educação sexual na escola e menos de 20% buscam informações sobre o assunto com ginecologistas. A liberdade em lidar com o tema é maior do que antes, mas os obstáculos pessoais das adolescentes em obter conhecimento em torno do sexo continua.

Segundo o psicólogo, psicoterapeuta de família e educador sexual Breno Rosostolato, a dificuldade em falar é reflexo de sociedade machista que incentiva isso nos meninos, mas não entre as meninas. “A ideia não é invadir a privacidade e identidade de ninguém, mas ajudar com que as mulheres falem quando quiserem sobre o assunto de forma confortável e com liberdade.” Iniciar esse diálogo em casa junto à família ainda na fase infantil é uma das saídas. “Adequando a linguagem e tomando cuidado com as explicações, não se deve ‘podar’ a criança quando ela questiona algo sobre sexualidade. Os pais e criadores devem falar com simplicidade para fazer com que o futuro adulto tenha um canal de comunicação”, afirma.

Bianca Dias de Paula, 20 anos, de Santo André, já teve vergonha em dialogar sobre ‘certos assuntos’. “No começo da minha adolescência tinha receio de comentar com a minha mãe por conta de ela ser bem fechada. Logo depois que dei meu primeiro beijo, contei para ela e senti que ela me explicou mais abertamente sobre ‘essas coisas’. Me alertou sobre os cuidados que teria que tomar dali para frente”, conta. A estudante aproveitou o passar do tempo para sentir-se mais confortável no debate com a matriarca. “Hoje ela sempre sabe das coisas, porque acho importante ter boa relação com alguém mais velho da família, com quem tenho mais intimidade.”

“Poucas vezes comento sobre isso com minha mãe. Fico tímida com o assunto porque não me sinto preparada para falar”, conta Gabrielle Jesuíno Ribas, 15. A também andreense já teve aulas na escola sobre as precauções que se deve ter ao iniciar a vida sexual para evitar doenças e gravidez. As informações são absorvidas, mas, mesmo assim, falar de si mesma é um desafio. “Mesmo sendo um tema que acho delicado, entre escolher falar isso com minha mãe ou com meus amigos, prefiro minha mãe, porque os colegas acabam ‘zuando’ você, principalmente se ainda não se relacionou. Dá vergonha.”

O psicólogo e educador sexual explica que os pais são espelhos para os filhos, com sua opinião valendo muito. “Dependendo do que a criança vê, é a forma que vai crescer. Mesmo que a pessoa seja mais fechada, é sempre bom ela saber que tem um canal aberto. Falar com os amigos, principalmente na adolescência, também faz parte”, comenta Rosostolato. O importante é ter com quem desabafar e esclarecer dúvidas, além de buscar relacionamentos saudáveis, preservando a saúde. 




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