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Saia da bolha automobilística

Setembro é o mês do Dia Mundial sem Carro, um único dia em todo o ano para você pensar o que pode fazer para melhorar o mundo

Cristina Baddini
17/09/2010 | 00:00
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Setembro é o mês do Dia Mundial sem Carro, um único dia em todo o ano para você pensar o que pode fazer para melhorar o mundo, sem esperar o governo, as empresas ou as instituições. Pense na sua qualidade de vida, no stress, na poluição e ruídos que você produz ou convive diariamente.

Quando vimos a público dizer que fabricar automóveis e facilitar sua compra não é mais essencial ao desenvolvimento sustentável, econômico e social do País muitas pessoas pensam que estamos loucos ou contrários aos interesses da nação. Esse senso comum está incorreto. Os dados demonstram que a geração de emprego não justifica o privilégio público aos automóveis, pois a industria automobilística está em 38o lugar no ranking de 41 dos principais setores de geração de emprego no País, segundo o BNDES (gerando 85 empregos enquanto a industria de vestuário gera 211). Além disso, para 2010 estima-se um crescimento da população de 2,5% enquanto a frota de veículos deve crescer 5% já alcançando os 60 milhões de veículos.

Os privilégios dos automóveis
A força da cultura automobilística é enorme. Ela cega e neutraliza as mentes e corações dos brasileiros que não observam o genocídio causado pelo trânsito que mata 100 pessoas por dia no Brasil. Ninguém se dá conta de que somente 20% do espaço viário é ocupado pelos ônibus. Os coletivos transportam 70% dos usuários das vias, mas são obrigados a trafegar em ruas e avenidas congestionadas pelos automóveis. Mais vias significam mais congestionamentos. Pode-se afirmar também que é um engodo ou um tiro no próprio pé, o sonho e a esperança que cada brasileiro alimenta de algum dia ter seu carro próprio e poder trafegar livremente pela cidades.

Enquanto isso no mundo desenvolvido
Em particular na Europa, o poder público tem afinado as suas políticas ambientais e de qualidade de vida começando a reestruturar as cidades para tratar a mobilidade de forma sustentável onde a prioridade é o deslocamento de pessoas e não o deslocamento dos veículos. Essa abordagem tem como eixo estruturador a prioridade ao transporte público e ao ‘não motorizado', restringindo a circulação dos automóveis nas áreas centrais e corredores de transporte, e igualmente fazendo uso parcial de faixas de circulação do sistema viário para destinar à circulação de pedestres além de estabelecer metas e exigências à indústria automobilística cobrando a fabricação e produção de carros pequenos que utilizem combustíveis limpos.

O Dia sem Meu Carro
Devemos questionar profundamente o paradigma da mobilidade centrado exclusivamente no automóvel e na fluidez desse modo de deslocamento. Devemos questionar às ações nefastas do automóvel no Brasil que tem sorvido muito dinheiro público financiando montadoras estrangeiras com verbas do BNDES, com incentivos à compra do ‘automóvel popular' estimulada por uma grande oferta de instrumentos de créditos ao consumidor, e promovendo isenções de impostos federais e estaduais atraindo montadoras que geram empregos e simultaneamente geram muitas externalidades negativas à sociedade.

Sonho em ver os recursos públicos aplicados unicamente no transporte público, não no motorizado ou individual. Por tudo isto pode-se imaginar no futuro que tenhamos leis que regulamentem as propagandas de automóvel e exijam que ao final das peças publicitárias conste alguma inscrição como por exemplo: "Cuidado: o automóvel mata, polui e degrada a qualidade de vida".

Saia da bolha automobilística!




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