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Santo André quer elevar reciclagem para dar sobrevida a aterro municipal

Contrato regulamenta cooperativas e estabelece meta de reaproveitar 20% de todo lixo gerado

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
21/12/2017 | 07:00
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André Henriques/DGABC


 Com 630 toneladas de lixo produzidas por dia e índice de reaproveitamento de apenas 12%, a Prefeitura de Santo André projeta, dentro de seis meses, elevar o percentual para 20%, após assinatura de contrato inédito, realizada ontem, que regulamenta e oficializa a operação das duas cooperativas de reciclagem que atuam na cidade – Coopcicla e Cidade Limpa. A ação visa ampliar a vida útil do aterro municipal, de 250 mil metros quadrados, no bairro Cidade São Jorge, hoje estimada em dois anos e meio.

“Essas cooperativas funcionavam na informalidade. Com o contrato – que tem prazo de um ano de duração, podendo ser prorrogado por mais cinco – elas passam a ter direitos e deveres formalizados, com base na Política Nacional de Resíduos Sólidos”, explica o superintendente do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), Ajan Marques de Oliveira.

Entre os direitos está a remuneração que as entidades passarão a receber do município, por meio de resultados apresentados. A cada tonelada de resíduo reciclável que deixar de ir para o aterro, a cooperativa receberá R$ 45,12, valor pago pelo Semasa para o aterramento do lixo. “A meta é chegar a 300 toneladas por mês (de resíduos reciclados por cooperativa) e o máximo que elas podem devolver para a gente enterrar é 30%. Se devolverem mais do que isso, serão penalizadas (não recebem a remuneração)”, ressalta o diretor do departamento de resíduos sólidos do Semasa, José Elidio Rosa Moreira.

A ação também possibilitará a ampliação de cooperados em atuação, com a abertura de novo turno de trabalho. O horário era das 8h às 17h e agora será das 6h às 14h e das 14h às 22h. O Semasa prevê que a Coopcicla (que possui 45 trabalhadores) e a Cidade Limpa (48) dobrem seus quadros de colaboradores. “Tem benefício ambiental, social e financeiro”, ressalta Moreira. As cooperativas têm prazo de 30 dias para se adequarem e iniciar o segundo turno.

Ainda no primeiro semestre de 2018, o Semasa prevê o contrato com uma terceira organização voltada à área da reciclagem, que atuará no 2º Subdistrito.

O prefeito Paulo Serra (PSDB) salienta que, com a iniciativa, “a questão da reciclagem passa a ser uma política pública da cidade”.

COOPERADOS

Trabalhadores das duas cooperativas envolvidas na iniciativa contam que a regulamentação do trabalho que desempenham era sonho antigo. “Isso ajuda a desenvolver a cooperativa, a gerar mais empregos e reaproveitar mais os recicláveis”, pontua um dos integrantes da diretoria da Coopcicla Jorge Luiz Pscheidt, 65 anos, que há 18 sustenta a família com a reciclagem de materiais.

“Representa segurança de trabalho para nós e temos mais estabilidade”, opina o coordenador da cooperativa Cidade Limpa, José Batista de Lucena, 56.

 

Índice de reaproveitamento é tímido

Reportagem publicada pelo Diário em fevereiro mostrou o cenário tímido da reciclagem no Grande ABC. Apesar de cinco cidades da região (São Caetano e Rio Grande da Serra não responderam, na ocasião) reciclarem o lixo, a quantidade ainda é considerada baixa perto de todo o volume produzido. No ano passado, foram reaproveitadas cerca de 22 mil toneladas.

A matéria trazia que a cidade com a maior quantidade de resíduos reciclados é Santo André, com 13.597 toneladas, seguida por São Bernardo (7.200 toneladas) e Diadema (864 toneladas). Já Mauá e Ribeirão afirmaram reaproveitar apenas 1% do lixo coletado.

Um dos desafios que as cooperativas de reciclagem encontram para obter maior êxito em suas atuações está na falta de colaboração da população em separar os resíduos recicláveis. “É preciso separar o lixo seco do úmido, pois somente assim conseguiremos diminuir o nosso índice de rejeito”, fala o coordenador da cooperativa Cidade Limpa, de Santo André, José Batista de Lucena, 56 anos.

Para o prefeito andreense, Paulo Serra (PSDB), a oficialização do trabalho das entidades no município deixará a população mais parceira. “Vamos fazer campanhas educativas e divulgar muito essa oficialização, pois quando a cidade souber que efetivamente temos cooperativas trabalhando e que esse contrato tem consequências sociais e ambientais, acredito que as pessoas passarão a colaborar.”




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