Filiado ao PT de Diadema, Licio Lobo entrou com representação no diretório estadual petista apontando que o coordenador da Macro ABC, o ex-prefeito de Santo André Carlos Grana, não nomeou integrantes da executiva, mesmo passados oito meses desde que foi eleito para o comando do bloco, responsável pela articulação da sigla na esfera regional. A datar do pleito interno, Grana é o único que aparece na formação do grupo. Não houve atividade de posse dos demais componentes, situação incomum nas 33 unidades instituídas em São Paulo.

São, segundo informações, 14 postos para indicação de correligionários. O número, teoricamente, seria abertura de dois cargos voltados a lideranças de cada uma das sete cidades. Entre os cargos ainda vagos, o de vice-coordenador e as diversas secretarias (relações institucionais, movimentos sociais, comunicação, formação política e juventude). Autor do ofício, Licio concorreu contra Grana no páreo regional, ocorrido em abril. Ele teria direito, de acordo com a representatividade, a escolher aliados para o bloco.

De praxe, os coordenadores das macro constituem a executiva num período de 15 a 20 dias. Já lida nos informes das reuniões da estadual, a representação foi protocolada no fim de novembro, estipulando prazo de um mês para se cumprir a regra. O documento requer a destituição da composição caso não sejam adotadas providências. A dissolução, contudo, teria que partir da executiva paulista, presidida pelo ex-prefeito de São Bernardo Luiz Marinho, que designou Grana para ser coordenador regional de sua possível candidatura ao governo de São Paulo no ano que vem.

Diante do cenário registrado, a falta de ações da Macro ABC estaria entre os principais pontos de descontentamento da militância, o que não se limita apenas à ala de Licio. A baixa adesão a evento da caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Diadema entrou nessa lista, bem como a o desempenho do PT no Grande ABC. O partido está pela primeira vez na história fora de todos os comandos de prefeituras da região, o que elevaria o papel do discurso de oposição, mas, na maioria dos municípios, a bancada não tem sido protagonista do bloco.

Ligado à corrente Articulação de Esquerda, Licio foi secretário nos governos de José Augusto da Silva Ramos (1989-1992) e José de Filippi Júnior (1993-1996). Ele é companheiro da ex-parlamentar Irene dos Santos (PT).

Grana alegou que vai aguardar a manifestação da estadual, ponderando que o caso diz respeito a assuntos internos do PT. Marinho não se pronunciou sobre o episódio.