O intercâmbio nos Estados Unidos no período de 1989 a 1994 para jogar futebol e concluir o Ensino Médio (High School) fizeram o ainda jovem Alexandre Calil, hoje com 43 anos, entrar em contato com a língua inglesa. Após lesão no joelho direito, o rapaz, que chegou ao Exterior sabendo apenas o verbo ‘to be’, perdeu a bolsa e teve de voltar ao Rudge Ramos, bairro onde cresceu em São Bernardo. A fluência no idioma, adquirida durante os cinco anos fora, e a vontade de ajudar motivaram o agora professor e tradutor a montar projeto para proporcionar a crianças e adultos a relação com a língua estrangeira.

Após contatos com lideranças do bairro, Calil conseguiu espaço em salão de festas do Esporte Clube Nacional, da Vila Vivaldi. Em roda formada por cadeiras de plástico, luz baixa, materiais doados e pequena lousa, o projeto As Peças São Lápis e Borracha na Mão leva o idioma a 32 crianças e jovens de 7 a 15 anos, gratuitamente. “Falo que Educação é prioridade. Dava 16 horas de aula particular por dia em empresas e me deparava com questionamentos sobre as dificuldades da comunidade. Construí a iniciativa para engajar as crianças e para que elas tenham melhor oportunidade no mercado de trabalho”, afirma.

Guilherme Treml Cardozo, 15, é um dos alunos que estão no projeto desde janeiro e, do simples “hello e what''s your name?”, pulou à conjugação de verbos. A disciplina e a ansiedade para chegar ao ambiente fazem parte da rotina do garoto, que quer cursar Publicidade.

“Moro no Demarchi e levo de 30 minutos a uma hora para chegar aqui. Isso é um investimento para o futuro, porque as aulas podem me ajudar a conseguir uma bolsa”, relata.