O cinegrafista Raimundo Osvaldo Araújo, que filmou em 1996 o massacre de Eldorado dos Carajás, no sul do Pará, informou neste domingo que não vai mais depor no julgamento do major José Maria de Oliveira, marcado para esta terça-feira. Ele alega que tudo o que poderia dizer já foi registrado em depoimento e que quer evitar um desgaste pessoal no julgamento. "Eu já falei tudo o que tinha a dizer nesse processo e não quero mais me desgatar com esse caso", afirmou.

Em depoimento prestado em juízo, ele afirmou que a tropa do coronel Mário Pantoja, condenado por júri popular nesta semana, chegou ao local do conflito atirando. Ele disse também que a tropa de 70 homens de Parauapebas, comandada pelo major Oliveira, teria sido responsável pela morte de 16 dos 19 sem-terra.

Segundo Araújo, sua decisão de não comparecer ao julgamento de Oliveira foi comunicada ao promotor Marco Aurélio do Nascimento na terça-feira passada. "Tenho de retomar minha vida profissional e cuidar da família. Não quero mais falar nesse julgamento ou dar entrevistas, porque minha imagem ficará ainda mais desgastada", disse Araújo, que não trabalha como cinegrafista há seis anos.