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Descarte irregular em Mauá forma montanha de detritos

Entulho e lixo eletrônico são depositados
desde 2011 em área de proteção ambiental

Por Bia Moço
Especial para o Diário
25/09/2017 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


 Na mesma semana em que o Diário publicou série sobre agressão ao meio ambiente, desmatamento e ocupação em áreas de preservação da Mata Atlântica, a equipe de reportagem flagrou desrespeito com a natureza em Mauá, no bairro Jardim Primavera, onde local definido como de proteção ambiental tem sido usado como ponto para descarte irregular de entulho e outros materiais, como lixo eletrônico.

A montanha de resíduos, que começou a ser formada em 2011, já tem aproximadamente 15 metros de altura. O lixo ameaça cobrir nascente e, em dias de chuva forte, há risco de deslizamento, que pode atingir dezenas de casas localizadas no entorno, conforme avaliação do ambientalista Virgílio Alcides de Farias, advogado especialista em Direito Ambiental e presidente do MDV (Movimento em Defesa da Vida do Grande ABC), que acompanha a situação desde o começo.

Farias e equipe do Diário estiveram quinta-feira na área de preservação permanente, chamada de Nascentes do Rio Taboão, no exato momento em que um caminhão com identificação da Prefeitura de Mauá chegou carregado de entulho. Sem nenhum tipo de constrangimento, o despejo foi realizado, somando pelo menos mais uma tonelada de resíduos. O que mais preocupa o ambientalista é um pó acumulado no local que, segundo ele, está contaminado, podendo causar problemas respiratórios à população que vive por perto.

De acordo com o especialista, estudos epidemiológicos têm associado o aparecimento de doenças respiratórias crônicas por causa de partículas em suspensão no ar. “É da natureza desse tipo de atividade a emissão de materiais particulados”. Na montanha de resíduos é possível visualizar materiais de construção civil, terra escura avermelhada, objetos eletrônicos, latas de tinta e óleos minerais, lubrificantes, resíduos com solvente, serragem, produtos químicos, lona de freio, filtros de ar e óleo, papéis e plásticos.

“É possível enxergar rachaduras enormes no morro todo. Se chover muito, a terra vira lama e cede. Essas rachaduras não aguentam e vai tudo para baixo. As casas serão fatalmente soterradas e teremos tragédias ambiental e populacional”, alerta Farias.

Em maio de 2011, o Diário já havia publicado reportagem sobre o despejo irregular de detritos na mesma área.

JUSTIFICATIVA
Em nota, a Prefeitura de Mauá falou sobre o assunto: “A área em questão foi utilizada em gestões anteriores para transbordo, onde eram depositados resíduos do programa Cata Bagulho. A gestão Um Novo Tempo parou os depósitos e elabora estudo de recuperação do local junto à Cetesb. Ressaltamos que não têm sido feitos novos despejos de qualquer material no local. Assim, abriremos sindicância para apurar possível descarte irregular.” Questionada, a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), informou que programará inspeção para avaliar a situação e as atividades que vêm sendo executadas na área de proteção.




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