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Moradores de Diadema criticam aumento salarial para vereadores

Munícipes ouvidos pelo Diário reclamam da alta de 2,45% nos vencimentos dos políticos

Por Felipe Siqueira
Especial para o Diário
19/09/2017 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


A população de Diadema não recebeu bem o aumento salarial dos vereadores, aprovado na semana passada, em regime de urgência, e que elevou os vencimentos dos parlamentares em 2,45% em momento de crise.

A equipe do Diário foi às ruas de Diadema ouvir a população sobre o reajuste no contracheque dos vereadores e escutou críticas uníssonas à atitude.

Na sessão de quinta-feira, o projeto de lei que acrescentava pouco mais de R$ 200 ao salário de cada parlamentar passou pela Câmara. O subsídio foi de R$ 10.192,10 para R$ 10.441,80, já valendo para o mês de setembro. Ainda foi dado aumento para servidores concursados e comissionados. Para os aprovados em concurso público, o acréscimo foi de 4,76%. Para os apadrinhados, a alta foi de 7%.

O porteiro Wilson José, 58 anos, disse que a atitude da Câmara, para ele, foi “na surdina”. “É pura roubalheira (o aumento de salário para os políticos). É enganar (a população). O dinheiro que a gente paga de imposto vai para eles. Não pensam duas vezes. Quando dá na telha deles, aumentam, (o próprio salário), mas o nosso... (trabalhador não aumenta)”, falou. “Não foi divulgado (que o reajuste seria feito nem quando), foi de uma hora para outra, foi na surdina”, completou.

“É uma falta de respeito. Temos tantas outras prioridades. Não vejo muitas benfeitorias (para a cidade). Deram prioridade para eles mesmos. Os representantes são assim, fazem o bem para eles e que a gente espere”, opinou Ednaldo Nunes, 37, representante comercial. “Acaba afetando o orçamento da cidade, pesa e prejudica na construção de uma escola, de hospital, não é justo”, opinou Eduardo Sobrino, 38, que, atualmente, está desempregado.

O presidente da Casa, Marcos Michels (PSB), justificou esse aumento pelos cortes de gastos que foram feitos na Câmara ao longo do ano. “Foi dado o aumento dentro de um índice razoável. Eu, como presidente, fiz um trabalho de cortes, de redução de custos da Câmara. Diminuímos os selos, porque a gente sabe da situação (financeira do Brasil)”, explicou.

Marcos também falou que não existirá dano político aos vereadores com esta ação. “O momento que o País vem passando, o que arrebenta o País não são os vereadores, são o governo federal e os deputados federais, com Lava Jato e tudo mais. As entidades (de Diadema, como OAB, Associação Comercial e Sindema) entenderam. Se aumentasse 20%, 30% ou 40%, aí, sim (haveria espaço para crítica). Mas eu nunca faria isso” complementou o socialista.


Petição on-line visa reduzir os ganhos

Uma petição on-line de um morador de Diadema pretende coletar assinaturas para poder apresentar projeto de lei, de iniciativa popular, com a proposta de reduzir os vencimentos dos vereadores da cidade, de R$ 10.192,10 para R$ 2.298, piso nacional dos professores.

A ideia é reunir a quantidade necessária para apresentação de um projeto de iniciativa popular, o que são 5% do eleitorado da cidade. Ou seja, 16,5 mil rubricas.

“Não pode aumentar (salário) na mesma legislatura. Não se pode legislar em causa própria. Diadema está com a Saúde precária, lixo para todo lado. Vereador não faz vistoria em escola. Não faz o serviço (necessário para a função de vereador) e quer aumento”, disse o organizador do abaixo-assinado, o comerciante Eduardo Araújo, 40, que mora na cidade desde que nasceu.

“Se fizessem o trabalho deles, seria de benefício (à cidade), mas não fazem nada. Só tem indicações de tapa buraco e capinação. Deveriam verificar as verbas, as escolas, a Saúde. Aparecem só em período eleitoral”, falou Araújo.

Em Ribeirão Pires, no começo do ano, houve projeto parecido, mas de autoria de vereadores, para redução ao piso nacional dos professores. O texto foi declinado, em sessão que aconteceu confusão generalizada.




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