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Crise eleva demanda por conserto de celular

Assistência técnica de São Bernardo até criou
curso de manutenção para suprir procura

Gabriel Russini
Especial para o Diário
23/07/2017 | 07:26
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Claudinei Plaza/DGABC


Em tempos de forte crise econômica, alta de desemprego e a consequente queda no consumo, a ordem é repor apenas o necessário para evitar a ampliação dos gastos. Em momentos de dificuldade, quem quebrou a tela do smartphone, teve a bateria do aparelho queimada ou desgastada ou o touch (teclado do celular) apresentando falhas na hora de digitar tem optado por realizar a manutenção do aparelho, em vez de comprar um novo e desembolsar até quatro vezes mais.

É o caso do andreense e analista de sistemas Adriano Cippiciani, 37 anos, que há dois anos e meio está com o mesmo telefone celular, um iPhone 5S, da Apple. “O custo-benefício é muito melhor, além da praticidade. Desde que adquiri o aparelho (em 2015), gastei aproximadamente R$ 400 em troca de tela e bateria, bem menos do que se fosse comprar um outro modelo”, conta. Três anos atrás, o modelo custava, em média, R$ 2.500. Hoje, parte de R$ 1.000 – 150% mais que o investido nos reparos.

De acordo com a consultoria Gartner, o mercado brasileiro de smartphones apresentou retração em 2016. As vendas de celulares enxugaram 16%, totalizando 43,4 milhões de unidades. Em 2015, haviam sido comercializados 50,2 milhões de aparelhos.

Ao mesmo tempo em que houve redução no ritmo desse tipo de comércio, quem atua no ramo de manutenção detectou oportunidade e começou a ganhar espaço. Foi o que aconteceu com Kevin e Kleber Mazzei, 24 e 31, respectivamente, de São Bernardo, que têm sentido aumento constante na demanda por consertos de tablets e smartphones. Em 2016, a assistência técnica dos irmãos, a KM Multi, cresceu 55%. “E esse movimento continua. Nos últimos seis meses constatamos uma alta de 20% na procura por nossos serviços”, comenta Kleber.

NICHO DE MERCADO - Em 2013, diante da popularização do comércio desses produtos, os irmãos Mazzei decidiram investir R$ 100 mil para oferecer curso de manutenção de smartphones, ao mirar público que queria driblar a crise – ou apenas adquirir conhecimento, como alguns dentistas e engenheiros que, de acordo com eles, assistiram suas aulas.

A falta de mão de obra tecnicamente qualificada na área motivou os irmãos. “Descobrimos que havia uma carência de técnicos no mercado que realmente conhecessem o funcionamento de um aparelho de celular e tablet. Muitos sabiam mexer, mas não tinham a capacitação”, explica Kleber.

Tanto é que, em seu próprio quadro de funcionários, o negócio conta com alunos formados no curso. “Não ensinamos a história do celular (alunos), mas situações reais, que geralmente acontecem no cotidiano das pessoas, como a quebra de uma tela, da carcaça e a troca de bateria”, explica Kevin.

ALTERNATIVA - Outra dupla de irmãos, Elton, 27, e Eric, 25, Figueiredo, atuava no ramo do vestuário e buscava algo “diferente” para ampliar o faturamento.Foi quando descobriram o curso e apostaram na abertura do quiosque Mobi Smart, no Golden Square Shopping, em São Bernardo. “O que nos despertou o interesse pelo curso foi a alta demanda do mercado, e o espaço para atuar nele”, comenta Elton. Nos últimos seis meses, com a intensificação da crise, ele conta que a procura por reparo nos celulares cresceu 30%. “Geralmente, o valor do conserto chega a 25% do custo de equipamento novo.”


KM Multi já formou cerca de 2.000 alunos

Com o investimento de R$ 650, os alunos apreendem, na prática a consertar celulares. A escola abrange público de todas as idades, e os interessados precisam ter a partir de 14 anos para participar de turma durante a semana ou aos sábados.

De acordo com Kleber Mazzei, um dos sócios da KM Multi Cursos, de São Bernardo, cerca de 2.000 pessoas já frequentaram o curso.

Dos alunos formados, cerca de 50% estão nas sete cidades, enquanto que, o restante, segundo os empresários, vêm da Capital.

“O retorno para os alunos é rápido. Eles trabalham em casa com ferramentas básicas que partem de R$ 50. Se quiserem montar uma bancada completa, o custo fica em torno de R$ 900”, destaca Kevin Mazzei, o outro sócio e irmão. “Hoje, o pessoal da faixa de 14, 15 anos começa consertando os celulares de amigos e professores. Mas temos alunos que montaram suas próprias lojas e hoje já são cases de sucesso”, relata.

Os cursos têm a duração total de 20 horas/aula.  




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