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Alta do aço afeta pequenas indústrias do Grande ABC
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
12/04/2010 | 07:00
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Reajustes de preços do aço anunciados neste mês pelas siderúrgicas devem prejudicar a rentabilidade dos pequenos fabricantes de autopeças da região. Eles ficam comprimidos entre a decisão de aumento das grandes companhias fornecedoras da matéria-prima e as duras negociações com clientes de grande porte (como as montadoras de veículos). Os aumentos giram em 11% a 15% e estão vindo de diversos produtores e distribuidores, segundo executivos das empresas do ramo automotivo.

A Usiminas confirma elevação nesses patamares, que atribuiu a majoração praticada pelas produtoras de minério de ferro. A CSN informa que não comentava questões relacionadas a preço e a ArcelorMittal (dona da CST e da Belgo Mineira) e a Gerdau negam que estejam efetuando ajustes nos valores praticados neste mês.

Executivos da área automotiva assinalam, no entanto, que em alguns casos os reajustes nem são avisados. "Só recebemos a nota (fiscal) já com o aumento", afirma fonte do segmento.

As altas podem afetar a economia do Grande ABC que, segundo estimativas, reúne mais de 600 indústrias da cadeia automotiva.

Dessa forma, apesar da demanda de mercado aquecida, as pequenas fabricantes avaliam que reajuste da ordem de 10% no aço gera dificuldade para equilibrar os resultados financeiros. "Impacta diretamente, nosso grande problema é o repasse", diz o diretor da metalúrgica Ferrane, Carlos Alberto D'Angelo.

Localizada em Mauá, a empresa, de pequeno porte, consome de 50 a 60 toneladas por mês da matéria-prima, com as quais produz componentes estampados (entre os quais bocais, anéis para bomba de combustível, defletores de calor etc), que fornece para fabricantes de sistemas automotivos.

Negociação - Com baixo poder de negociação junto aos fornecedores, devido aos baixos volumes de compras, pequenas fabricantes de autopeças, em alguns casos, conseguiram adiar para o dia 15 o recebimento do aço com preço novo.

Há também empresas que ainda estão estocadas do insumo. É o caso da indústria Fledlaz, de Ribeirão Pires. "Já temos proposta de reajuste, mas (a alta) ainda não chegou. Ainda trabalhamos com matéria-prima em estoque do mês passado", afirma o diretor comercial da metalúrgica, Adriano Damas. Ele também avalia que haverá dificuldade em elevar os preço de suas peças estampadas e conjuntos soldados, que vende para fabricantes de sistemas automotivos.

Damas calcula que, por mês, a expansão sinalizada, de 12% no aço, significa, no seu caso (consumo de 150 toneladas mensais), quase R$ 60 mil a mais de gastos por mês, valor significativo para uma pequena empresa.

Estudo aponta que matéria-prima é só 9% do valor do carro
Estudo divulgado pelo IABr (Instituto Aço Brasil) - que reúne as siderúrgicas -, que foi realizado pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), da USP, aponta que embora a participação do aço no peso do carro seja elevada (da ordem de 50%), esse insumo corresponde a 9% do valor dos carros populares e a 6,9% dos automóveis de luxo.

Dessa forma, alta de 10% nesse insumo representaria alta de 0,9% (para um carro de R$ 30 mil, seria um acréscimo de R$ 270). O estudo pode demonstrar que o impacto aos consumidores não é tão expressivo.

Mas se vier de reajuste mais de 90% - negociações em andamento de produtores de minério de ferro com as siderúrgicas podem gerar esse impacto - reflexos mais significativos devem se fazer sentir no mercado consumidor.




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