Em cinco dias de chuvas, que começaram logo no primeiro dia do ano, choveu mais do que era esperado para todo o mês de janeiro. Em Sao Lourenço, choveu em menos de uma semana 350 milímetros. O previsto para o mês era 278 milímetros. Quase 82 mil pessoas ficaram desabrigadas no pior dia da enchente.
Nove pessoas morreram em seis cidades da regiao. Os números da destruiçao impressionam: 60 mil imóveis danificados, entre casas, escolas, indústrias e prédios públicos. Sao 27 as rodovias com trechos interditados. Trinta pontes caíram. Estaçoes de tratamento de água operam em condiçoes precárias e houve danos às redes elétrica e telefônica.
Em Itajubá, 80% dos imóveis foram atingidos pela enchente. Quando a água baixou, ontem, sobrou muita lama e lixo. A Secretaria Municipal de Obras nao sabia prever quando a limpeza das ruas ou a distribuiçao de hipoclorito de sódio para a desinfecçao dos imóveis serao concluídas.
Ao relatar os prejuízos de Santa Rita do Sapucaí, o prefeito Jeferson Gonçalves (PFL) chorou. Mais de 75% do município foi atingido. Trinta mil dos 40 mil moradores ficaram desabrigados na cheia, entre eles o próprio prefeito e sua família. Parte das empresas de eletrônica, responsáveis por 50% da arrecadaçao de Santa Rita, ficou sob as águas.
Submersas, grandes empresas de Pouso Alegre pararam e ainda nao sabem quando voltarao a produzir. A Alpargatas e a Wrangler ficaram inundadas. Em Sao Lourenço, cidade turística do Circuito das Aguas, 95% do setor comercial - rede hoteleira, bancária e de serviços - foi arruinada. Em plena temporada, o Parque das Aguas, principal atraçao do lugar, está cheio de lama. Mais de 40% das reservas do mês foram canceladas. O mesmo ocorreu em Caxambu e Lambari.
Recursos - Moradores, comerciantes e os gestores da administraçao pública do sul de Minas mal sabem com que recursos iniciarao a reconstruçao. Por ora, contam com doaçoes que chegam às contas correntes abertas para arrecadar fundos. De oficial, até agora, só há a verba liberada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso para as cidades e a linha de crédito para as vítimas da enchente. Mas nem prefeitos nem moradores sabem como fazer para receber o dinheiro logo. Mas já se sabe que a verba da Uniao será insuficiente.
Pelas primeiras estimativas, só para normalizar as rodovias serao gastos R$ 15 milhoes. O governador Itamar Franco (sem partido) ainda nao calculou o prejuízo nem anunciou medidas mas avisou que, se preciso, pedirá ajuda externa.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.