Economia Titulo Crise
Indústria demite 20,3 mil em 2016

Ritmo de cortes, no entanto, desacelera
frente ao ano de 2015, de 83 para 56 por dia

Gabriel Russini
Especial para o Diário
20/01/2017 | 07:19
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Divulgação


A indústria do Grande ABC terminou 2016 em baixa, com o fechamento de 20,3 mil postos de trabalho. Embora expressivo, o número apresenta desaceleração frente ao cenário de 2015, em que 29.850 perderam o emprego nas fábricas da região. A redução em um terço dos cortes gerou diminuição no ritmo de demissões, de 83 para 56 por dia.

Os dados são de pesquisa da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e do Ciesp (Centro da Indústrias do Estado de São Paulo).

O saldo negativo no emprego industrial das sete cidades voltou ao patamar de 2014, quando haviam sido dispensados 20.550 profissionais.

O maior volume de dispensas do ano passado foi registrado em São Bernardo, com a redução de 7.900 postos de trabalho (-9,75%). É válido lembrar que, desses, cerca de 3.500 são oriundos de PDVs (Programas de Demissão Voluntária) na Mercedes-Benz, Volkswagen e Ford. O movimento foi motivado pela queda nas vendas de veículos, que amargou tombo de 20,19% em 2016 e teve o pior resultado em 11 anos, de acordo com a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores). A produção também recuou, 11,2%.

O restante certamente foi desligado devido ao efeito em cadeia, que afetou indiretamente os trabalhadores de indústrias de autopeças situadas na cidade e em outros municípios. As fábricas de Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra demitiram, juntas, 7.050 operários (-13,33%). Diadema, sozinha, eliminou 4.550 postos (-10,17%). E, São Caetano, 800 (-4,03%).

Na avaliação do segundo vice-diretor do Ciesp Diadema, Donizete Duarte da Silva, o que motiva a retração no Grande ABC é indústria automotiva. “Aqui na região todos os setores de atividade são extremamente dependentes do ramo automotivo, se ele para de produzir, o resto também para”, explica. “Adicionalmente, temos outro problema. Infelizmente, o perfil tecnológico das nossas empresas é muito baixo. Com isso, as importações são crescentes, o que encarece o custo dos produtos e diminui a demanda pela produção local.”

No Estado de São Paulo, foram fechados 152,5 mil postos de trabalho (-6,58%) em 2016.

TENDÊNCIA - No fim do ano passado, a região estava vendo redução no ritmo de demissões; em outubro, o saldo ficou negativo em 200 vagas e, em novembro, em 50. Porém, em dezembro, houve um salto para 950 postos perdidos – foi o 23º mês seguido de saldo negativo. “O último mês do ano é tradicional em férias coletivas das indústrias. Como muitas empresas estão sem dinheiro em caixa, no entanto, não houve outra opção além de demitir”, afirma Silva.

São Bernardo cortou 400 profissionais, enquanto que São Caetano eliminou 250 e, Diadema, 150. Juntas, Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra demitiram 150.

Para Mauro Miaguti, diretor do Ciesp São Bernardo, a aposta está nas próximas reduções da taxa Selic para estimular a economia. “Esse último corte (de 0,75 ponto percentual, para 13% ao ano) foi um avanço, mas ainda estamos longe do ideal. Ainda não vejo sinal de melhora, muito menos de estabilização, para este ano.”

Questionado, Silva é enfático: “Perspectiva do quê? Não vejo nenhuma, nosso modelo industrial está destruído”. 




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