Vista por parentes e amigos como uma garota alegre e trabalhadora, a jovem Gabrielly Dias de Macedo, 18 anos, foi espancada até a morte pelo ex-namorado Anderson Silva do Santos, 24, na manhã de terça-feira. O crime ocorreu após discussão na residência em que o casal morava antes do fim do relacionamento, no Jardim Guarará, em Santo André.

De acordo com a Polícia Civil, o ex-vigilante desconfiava que Gabrielly estava se relacionando com outro rapaz e a chamou para conversar em sua residência. Conforme depoimento prestado por Anderson na delegacia, os dois teriam se desentendido durante a conversa, o que o teria feito perder a cabeça. O ex-vigilante, que não estava armado, afirma que teve “momento de fúria.”

Santos foi preso após ligar para o pai e revelar o crime. Na ligação, o ex-vigilante chegou a cogitar suicídio, no entanto, a Polícia Militar, acionada pelo próprio pai, chegou antes que o jovem se matasse. Ele foi encontrado na cozinha, sentado no chão e com as mãos ensanguentadas. Já Gabrielly foi localizada sem vida no quarto, nua sobre a cama.

Em seu depoimento, Santos afirma que retirou a roupa da vítima para conferir se ela tinha sinais de outras relações sexuais. O flagrante foi registrado no 6º DP (Vila Mazzei) de Santo André como homicídio qualificado por motivo fútil. Ele segue preso no CDP (Centro de Detenção Provisória) andreense.

Gabrielly foi enterrada na tarde de ontem, sob forte comoção de familiares e amigos, no Cemitério Curuçá, em Santo André. A jovem era vista por sua mãe, Mafalda Dias da Silva, 41, como “a alegria da família”. “Ela era um anjo. Não tinha ninguém que a conhecia e não falava do seu sorriso e do seu jeito trabalhador. Desde os 11 anos ela já cuidava de crianças dos vizinhos para ganhar seu próprio dinheiro”, relata.

A jovem, que trabalhava como estagiária na Prefeitura de Santo André, segundo a mãe, já havia sido alertada por parentes sobre o jeito “agressivo” de Santos. “Eles namoraram durante um ano e quatro meses. Mas ele era agressivo. Sempre brigava. Ele queria mandar nela.”

Segundo a irmã da jovem, Danielly Dias de Macedo, 15, após Gabrielly retornar para a casa da família, Santos começou a perseguir a garota. “Todo dia antes de ela ir trabalhar, às 7h, ele já estava aqui no prédio esperando por ela. Mas no fundo ela o amava.”

Para a mãe da jovem, o sentimento que fica é o de revolta. Segundo Mafalda, só a Justiça poderá compensar a perda da jovem, que nesta semana recebeu a notícia de que havia passado no vestibular para curso técnico em Administração. “O pior de tudo é saber que, quando ele teve problemas com drogas, o acolhi como se fosse meu filho para morar aqui em casa. Olha o que recebo em troca. Ele matou minha filha sem pensar em nada. Só quero que ele pague por tudo. Não desejo ver ele na minha frente. Só quero Justiça.”

LEMBRANÇAS

Embora assuma que a dor da perda da jovem “nunca passará”, a mãe de Gabrielly afirma que irá honrar todos os sonhos de sua filha, inclusive o último compromisso agendado pela garota no dia do crime. “Na terça-feira, fui fazer uma entrevista para a vaga de auxiliar de limpeza que ela me inscreveu. Não queria muito ir, mas fui por ela. A Gabrielly queria que eu voltasse a trabalhar. No fim das contas passei e, quando cheguei em casa toda feliz para contar, ela já não estava entre nós. Irei honrar esse trabalho por ela. Me recordarei de todos os dias em que ela chegava do trabalho com aquele sorriso. Sei que ela verá tudo lá de cima”.