É fácil descobrir os misteriosos assassinos das novelas? A resposta pode ser sim, mas o crítico de teledramaturgia Claudino Mayer resolveu dar algumas novas pistas para o público com o livro Quem matou... - O Romance Policial na Telenovela (239 págs, R$ 40) que lança hoje, em São Paulo.

Para embasar o trabalho, resultado de oito anos de pesquisas, o autor escolheu novelas que tiveram repercussão com seus assassinos e vítimas.

Entre elas, O Astro (1977), que buscava no enredo o autor da morte de Salomão Ayala. Alcides Nogueira já prepara remake da trama para voltar à telinha da Globo em julho. Vale Tudo (1988), no ar no Canal Viva, é outra referência que Mayer cita em seu livro, sobre o polêmico mistério da morte de Odete Roitman.

Também são lembrados outros crimes importantes da teledramaturgia como a morte de Lineu Vasconcelos em Celebridade (2003), de Taís em Paraíso Tropical (2007) e, mais recentemente, de Saulo em Passione (2009), assassinado por Clara.

"A criação desse trabalho surgiu de uma inquietação minha enquanto telespectador, ao pensar em quais seriam as possíveis razões dos autores para escolher os atores que viverão os assassinos nas novelas", revela Mayer.

Na linha de estudo que originou em tese de doutorado na USP, o crítico descobriu que a escolha de quem será o cruel assassino está diretamente ligada à posição do ator na aceitação do público. "Os autores avaliam a credibilidade do ator e, a partir daí, definem se ele será culpado ou não. Um exemplo fresco é o de Glória Pires na pele de Norma, em Insensato Coração. Ela não sairá como a ruim, assassina. Terminará vitoriosa e glorificada, pois é isso que o público quer devido gostar dela", explica.

Os autores franceses Boileau e Narcejac foram referência para o escritor desenvolver tema que tem como foco o marketing do ator, a trilha sonora da novela e a criação do roteiro.