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MP denuncia máfia dos postos na região
Sérgio Vieira e Artur Rodrigues
Do Diário do Grande ABC
26/05/2007 | 07:00
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O Ministério Público de Santo André denunciou nesta sexta-feira 17 pessoas acusadas de envolvimento com a máfia que lava dinheiro do PCC (Primeiro Comando da Capital) por meio de postos de gasolina na região. A acusação, de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, é baseada em investigação da Dise (Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes), que revelou no ano passado que o grupo criminoso tinha conexões na política e Justiça de Mauá.

O esquema envolvia, só no Grande ABC, 44 postos de gasolina, 60 pessoas e movimentava cerca de R$ 500 mil por mês. O grupo era liderado por Wilson Roberto Cuba, o Rabugento, preso na penitenciária de Presidente Venceslau, no interior. Ele articulava para que o dinheiro, proveniente de assaltos e tráfico de drogas, fosse limpo por meio da compra de postos de gasolina. “Para maximizar os lucros, a quadrilha ainda vendia combustível adulterado”, explica a promotora Adriana de Morais, uma das autoras da denúncia.

A investigação atingiu em cheio o poder executivo de Mauá. Entre os denunciados, estão duas ex-funcionárias comissionadas da Prefeitura, Mirian Valério da Silva e Milene Rodrigues da Ponte. A primeira é namorada do também acusado Felipe Geremias (o Alemão), suspeito de ser um dos líderes do PCC. Milene, por sua vez, é companheira de Gildásio Siqueira Santos, acusado de ser o dono da maioria dos postos de gasolina da quadrilha. Ambas foram exoneradas. Mais tarde, o secretário de Saúde Cincinato Freire (PSDC) se afastaria do cargo, após divulgação de reportagem que revelava que seu nome constava na contabilidade de um dos revendedores de combustível da quadrilha, em dezembro do ano passado.

Nas escutas telefônicas da Polícia Civil, os suspeitos davam a entender que tinham influência sobre magistrados da cidade. Acusado de ser testa-de-ferro do esquema, o empresário Sidnei Garcia foi flagrado em conversas com a juíza Ida Inês Del Cid. Outra magistrada, Maria Eugênia Pires, era citada não-nominalmente em conversa do também denunciado Umberto de Almeida Oliveira como “juíza amiga” que teria dado uma sentença favorável a um dos integrantes do esquema. As duas juízas, que não foram localizadas na noite de sexta-feira, negam qualquer envolvimento com o grupo.

Entre os acusados, o único localizado foi Sidnei Garcia, que se declarou inocente. Por enquanto, o único suspeito preso é Rabugento, que cumpre pena por outros delitos. Os outros respondem ao inquérito em liberdade.

Uma das testemunhas arroladas no caso, o empresário Douglas Prado, alega ter sofrido atentado na quinta-feira, um dia antes de a denúncia ser apresentada. Um carro o perseguiu em Santo André. Ele conseguiu escapar. A polícia vai investigar o caso.




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