O Banco do Brasil e a CEF (Caixa Econômica Federal) querem aumentar o número de empréstimos e clientes aposentados e pensionistas com novas linhas de crédito com desconto em folha de pagamento. Disponíveis desde a última quarta-feira, na CEF, e desde quinta-feira, no Banco do Brasil, as linhas têm juros mais baixos do que os das modalidades convencionais (entre 1,75% e 2,5% ao mês) e têm aprovação automática. Os dois bancos são os únicos que oferecem esse tipo de empréstimo, previsto pela MP (Medida Provisória) 130, publicada em setembro de 2003.

O Banco do Brasil espera movimentar R$ 1 bilhão pelas novas linhas até o final de 2004. A CEF, apesar de não apontar metas financeiras, quer dobrar o número de aposentados correntistas do banco, hoje em torno de 2,7 milhões.

"A intenção é aumentar duas vezes o número de aposentados e pensionistas atendidos até o final do ano em decorrência das novas linhas de empréstimo, que vão operar dentro dos R$ 10 bilhões que possuímos como limite total de crédito da Caixa", afirma Everaldo Coelho da Silva, gerente de mercado da CEF no Grande ABC.

Para Denilson Moreira, gerente executivo responsável pela área de crédito pessoal do Banco do Brasil, as taxas mais baixas proporcionarão um aumento no número de empréstimos. "A conta é simples: se caem os juros, crescem os empréstimos. Nesses casos, temos um risco menor por causa do desconto em folha de pagamento. É vantajoso para ambas as partes."

Os dois bancos também oferecem empréstimos com desconto em folha para clientes comuns, possibilidade também aberta pela MP 130, nas mesmas condições que as dos aposentados e pensionistas. No caso do Banco do Brasil, até abril deste ano o crédito fornecido por meio dessas linhas chegou a R$ 1,1 bilhão. A CEF estima que no primeiro trimestre de 2004 tenham sido feitos 141 mil empréstimos desse tipo.

"É possível que haja uma forte migração de clientes que utilizavam outras linhas de crédito para as novas linhas, mas ainda é cedo para dizer algo com certeza", afirma Moreira, do Banco do Brasil.

Condições – Os dois bancos oferecem condições iguais para financiamentos de até 24 meses, com taxas de 1,75% ao mês para pagamentos a serem realizados em até seis meses (23,14% anuais), 2% para pagamento entre sete e 12 meses (26,82% anuais) e 2,5% entre 13 e 24 meses (34,49% anuais). A CEF também oferece uma linha para pagamento entre 25 e 35 meses com juros mensais de 2,8% ao mês (39,29% anuais).

Não há limitação de valor total do empréstimo, apenas com relação à capacidade do cliente saldar as parcelas, que não podem exceder 30% de seus vencimentos. "Essas condições diferem muito das linhas de empréstimo pessoal tradicionais, que variam de 4% a 4,5% ao mês", diz Coelho da Silva, da CEF.

Avanço – O presidente da Conbap (Confederação Brasileira dos Aposentados), João Resende Lima, considera um "avanço" a implementação dessas linhas de crédito. "Essa é uma reivindicação antiga dos aposentados, que enfrentavam muitas dificuldades financeiras, principalmente para pagar tratamentos de saúde. Sem dúvida, é uma tranqüilidade a mais", diz.