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'Desculpe, mas eu vou chorar'
Por Gilson Menezes
Do Diário do Grande ABC
12/02/2006 | 09:11
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A filha do prefeito de Mauá, Leonel Damo (PV), e vereadora mais jovem da Câmara, Vanessa Damo (PV), não conteve as lágrimas na última sessão. O presidente do Legislativo, Diniz Lopes (PL), foi o responsável pela tristeza da parlamentar. Ao usar a tribuna, o liberal fez críticas contundentes ao superintendente da Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá), José Carlos Orosco, que é noivo de Vanessa. Diniz aproveitou o momento para justificar o motivo da demissão do secretário, que havia sido o titular da Pasta de Administração durante o mandato de 11 meses do liberal. “Eu demorei para demitir porque não o conhecia”, disse. Chateada, Vanessa quis usar a tribuna para responder: “Meu pai e meu noivo...”. Mas foi interrompida por Diniz: “Aqui, eles são o prefeito e o superintendente”. Ela não agüentou...

O sempre polêmico ex-prefeito de Diadema e atual secretário de Cultura da cidade, Gilson Menezes (PC do B), afirma que poderá ser candidato ao Senado. Mas isso, segundo ele, dependerá de recursos para a campanha. “Se não tiver dinheiro, nem disputo eleição”, diz e justifica o motivo com o fato de ainda estar pagando dívida da campanha à Prefeitura de 2004. Gilson Menezes, que foi o primeiro prefeito petista do Brasil, em 1982, diz que se chegar ao Senado será pioneiro novamente. “Serei o primeiro operário no Congresso”, afirma. Mas ainda há possibilidade do secretário ser candidato à Assembléia ou à Câmara Federal, como foi revelado na seguinte entrevista:

DIÁRIO – A qual cargo eletivo o sr. pretende concorrer?

GILSON MENEZES – A discussão ainda não está fechada e o tema é se serei candidato a deputado estadual ou a federal. O PC do B gostaria nessa primeira discussão (que aconteceu em meados de janeiro) que eu saísse candidato a deputado estadual. Isso porque o Jamil (Murad, deputado federal do PC do B) é uma pessoa que atua muito no ABC e o partido tem preocupação de que possa haver uma trombada entre nós, ou seja, um tirar voto do outro e acabar prejudicando as duas candidaturas.

DIÁRIO – E já há conversas na administração sobre a sua eventual candidatura?

GILSON – Em Diadema temos candidato à reeleição do PT, que é o Mário Reali. Conversei até com o Filippi (o prefeito, José de Filippi Júnior), bati um papo, abri uma discussão que ainda não teve conclusão. Nós queremos contribuir, colaborar. Meu objetivo não é prejudicar o Mário Reali nem o Jamil. Apesar de que pelo número de eleitores, Diadema elege quatro estaduais.

DIÁRIO – Há rumores de que o sr. poderia disputar vaga no Senado. A informação é confirmada?

GILSON – Ouvi na reunião do PC do B cogitação de sair candidato ao Senado. Seria uma novidade ter operário no Senado.

DIÁRIO – Mas é forte essa possibilidade?

GILSON – No partido já foi conversado, mas na Prefeitura não. Mas eu acho que meu nome não pode ficar esquecido. De repente a coisa “pega”, quem sabe a gente faz um bom desempenho.

DIÁRIO – Caso o sr. dispute o Senado, terá como adversário Eduardo Suplicy, do PT, que é favorito a conquistar a reeleição?

GILSON – Nesse caso sim. Eu gosto do Suplicy, mas as vezes alguma novidade pode ser uma alternativa. Ele um bom sujeito, mas também ele não é dono da vaga. De repente a coisa pega, tipo “vamos dar uma chance para um operário”. Tenho outra trajetória, outras lutas, sofri na pele o que é dormir sem luz em casa, a cada perseguição da ditadura. Enfim, liderei a primeira greve, depois de um bom período sem greve no Brasil. Eu acho que pode ser uma boa novidade. Primeiro prefeito operário no Brasil e assim por diante. Mas estou aberto à discussão. Não tenho posição fechada.

DIÁRIO – Como será sua campanha?

GILSON – A minha preocupação é a busca por recursos. Se não tiver o mínimo, se pessoas não me ajudarem, não tenho como fazer campanha. Não tenho dinheiro. Aí existe possibilidade de eu até nem vir a ser candidato. Se não houver recursos, pra quê eu vou me endividar? Sacrificar minha família? Meus filhos estão quase todos desempregados. Como é que eu vou sobreviver? São quatro filhos. Não quero campanha milionária, nada disso. Nunca fiz campanha cara, nem quando fui prefeito. Ainda estou pagando dívida da campanha anterior.

DIÁRIO – Como o sr. acha que serão as eleições deste ano?

GILSON – Será uma eleição dura, em virtude do que aconteceu, da verdade que veio à tona. O povo, a princípio, se recua muito diante dessas coisas. Mas temos bons parlamentares. É bom que se analise bem o candidato porque é assim mesmo que a coisa vai se depurando, avançando e melhorando. Melhor acontecer isso do que não ter eleição. Eleição é importante porque nós fomos às ruas para ter o direito de elegermos nossos representantes, de vereador a presidente da República. É uma luta do povo. Podemos ficar decepcionados aqui ou ali, mas temos o orgulho de ter muita gente boa. Não vou citar nomes porque posso cometer injustiças.

DIÁRIO – O sr. acha que nessa eleição todos os partidos adotarão a tática de bater forte no governo federal?

GILSON – Nem todo mundo vai bater, não. Quem pode bater é o PFL e o PSDB. Mas eu acho que muita gente do próprio PSDB não vai bater, exatamente pelo medo de perder voto. Então, a maioria vai preferir mostrar que está de bem com todo mundo.

DIÁRIO – Onde o sr. quer estar em 2008?

GILSON – Eu não consigo projetar as coisas a longo prazo. Vivo o momento. Depois, se aquele momento deu certo, a gente pode fazer o planejamento do momento seguinte. Mas eu não faço planos antes desta eleição.

DIÁRIO – Há vontade de concorrer à Prefeitura novamente?

GILSON – Tudo depende do momento certo. Mesmo quando era mais jovem não conseguia planejar uma coisa mais à frente. Agora sou mais maduro, aí é que não consigo mesmo.

DIÁRIO – Como o sr. avalia o governo Lula?

GILSON – A gente sempre acha que poderia ter avançado mais. De qualquer jeito, houve realmente alguns avanços, como o salário mínimo, até mesmo a questão do emprego.

DIÁRIO – O sr. diria que foi “Ótimo”, “Bom” ou “Razoável”?

GILSON – Acho que foi um bom governo.



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