Setecidades Titulo
Recanto atende 200 crianças no Jd.Ipê
Por Bruna Gonçalves
Do Diário do Grande ABC
17/05/2011 | 07:01
Compartilhar notícia


Demorou quatro anos para que a dona de casa Célia Maria da Silva, 56 anos, entendesse o sonho que a levaria a criar uma escola comunitária para atender crianças carentes, no Jardim Ipê, em Mauá, em 1999.

"Sonhei várias vezes que via um jardim com muitas florzinhas murchas. Uma voz dizia que precisava cuidar para que não morressem", recordou Célia.

Ela concluiu que o jardim representava o seu bairro e que as flores eram as crianças. Foi então que surgiu o Recanto Infantil Tia Célia.

No início, abrigava as crianças do Jardim Ipê em sua própria casa. O local oferecia gratuitamente alimentação, brincadeiras e auxílio escolar. Com doações e ajuda de empresários o espaço cresceu.

Hoje, o recanto atende cerca de 200 crianças entre 3 e 14 anos, que são atendidas de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h. Outras 250 aguardam vaga em lista de espera.

Os alunos são atendidos no contraturno escolar . São oferecidos cursos de informática, inglês, reforço escolar, alfabetização, aula de música, pintura, artesanato e de futebol. O espaço conta ainda com biblioteca e creche em período integral.

"Lembro da época em que o trabalho era realizado na casa da Tia Célia. Quando chovia tinha goteira, mas era muito bom. Depois vi o local crescer, aprendi bastante, fiz amigos e não fiquei na rua. Hoje sou voluntário e faço de tudo", contou Willian de Souza, 14 anos, que desde os 5 está no recanto.

Para Célia, o sonho não acabou. "O objetivo é angariar mais recursos para ampliar o espaço e não deixar as crianças nas ruas", ressaltou Célia, mãe de oito filhos que a ajudam na administração da entidade.

Um deles é a educadora Ester Maria da Silva Souza, 22. A jovem ressaltou a troca de experiência e o intenso aprendizado que o trabalho proporciona. "O que aprendo na faculdade divido em sala de aula, e eles me ensinam muito com suas histórias. O melhor é ouvir dos pais que os filhos estão melhorando na escola, e que a nossa parceria contribui para isso", sustentou Ester, que dá aula de reforço escolar.

A estudante Larissa Martins, 12, frequenta o recanto há quatro anos e percebeu a melhora na leitura. "Lembro que gaguejava muito, mas com os professores daqui, mais pacientes, pude aprender muitas coisas."

Ao todo, 12 voluntários colaboram com o recanto. Como Maria dos Santos, 37, responsável pela cozinha e também ajudante da limpeza. "Faço isso com carinho e amor. A maior recompensa é a alegria das crianças", comentou.

Pais elogiam atendimento prestado

A dona de casa Janete Lima de Souza, 23 anos, estudou no recanto até os 15. E orgulha-se de dizer que o filho Matheus de Lima Amorim, 4, tem hoje a mesma oportunidade.

"Quando tive meu filho queria matriculá-lo. Precisei esperar na lista até que abriu vaga em março. É um local seguro e que sei que ele vai aprender em vez de ficar na rua", avaliou Janete.

A doméstica Sônia Florência Silva, 45, conhece Célia desde antes da abertura da escola. "Coloquei meu filho quando ele tinha 2 anos e o desenvolvimento dele é muito bom, além de ser um lugar para fazer amigos", explicou a mãe de Israel Júnior, 9.

O garoto elogiou a atenção das e as atividades diversificadas. "Gosto de fazer lição e quando estou na escola fico ansioso para chegar à tarde no recanto e ver os amigos."

A doméstica Adriana Scalabrini, 32, se disse aliviada por deixar a filha Debora, 4, no recanto. "Estava com dificuldade de encontrar uma escolinha. Quando conheci o espaço e vi que tinha vaga achei ótimo, porque posso deixá-la o dia inteiro e buscá-la assim que sair do trabalho."




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;