Trata-se da primeira sentença no julgamento contra os acusados das chacinas no Timor Leste, entre os quais estão, além de Soares, o que ex-chefe da Polícia timorense, o comandante geral Timbul Silaen, e vários altos funcionários do Exército indonésio. Os advogados do ex-governador declararam que têm intenção de apelar da sentença, enquanto a acusação, que pediu dez anos e meio de prisão para o acusado, disse que também recorrerá de uma condenação que considera muito leve.

O veredicto contra Abilio Soares é o primeiro de um processo cujos resultados são cruciais para a Indonésia, que insistiu em processar os responsáveis sob suas leis apesar da pressão da comunidade internacional, que propunha a criação de um tribunal internacional para julgar as violações dos direitos humanos em Timor.

Em 1999, o então presidente indonésio Yusuf Habibie permitiu que os habitantes do Timor Leste, território ocupado pela Indonésia desde 1975, decidissem sobre sua independência através de um referendo feito sob os auspícios da ONU.

Uma esmagadora maioria optou por desligar-se do regime de Jacarta, mas as milícias anexionistas, com a cumplicidade de membros do Exército indonésio, desataram uma campanha de terror que acabou com a vida de mais de mil pessoas, segundo cálculos da ONU.

No julgamento contra um total de 18 processados, o grande ausente é o ex-chefe das Forças Armadas naquelas datas, o general Wiranto, que para surpresa de muitos não foi nomeado entre os acusados quando começou o processo, há três meses.

Sua exclusão aconteceu apesar de a Comissão de Direitos Humanos da Indonésia ter concluído uma investigação que assinalava que Wiranto conhecia a operação no Timor Leste, território que em maio passado se proclamou de maneira oficial um país independente.