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Descarte incorreto de lixo causa problemas a coletores
Por Vanessa de Oliveira
Diário do Grande ABC
07/08/2016 | 07:00
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Denis Maciel


Os coletores de lixo contribuem com a população para ruas sempre limpas e organizadas. Mas nem todo mundo colabora com os trabalhadores que, muitas vezes, se ferem ao recolher materiais perigosos, descartados irregularmente. De janeiro a julho deste ano, foram contabilizados 55 acidentes causados por objetos cortantes e perfurantes misturados ao lixo doméstico sofridos por profissionais de Mauá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra e São Bernardo. 

Em todo o ano de 2014 foram 66 casos e, em 2015, 67, o que mostra que os descuidos vêm se mantendo. Dados levantados pela Lara Central de Tratamento de Resíduos apontaram que, em sete meses, 28 funcionários ficaram feridos, sendo 18 por vidro, seis por agulhas de injeção, três por latas e um por prego. A empresa possui 82 coletores trabalhando em Mauá, 39 em Ribeirão Pires e sete em Rio Grande da Serra. 

Em São Bernardo, a SBC Valorização de Resíduos já contabilizou neste ano 27 coletores feridos. Do total, 14 foram por perfurações e 13 por objetos cortantes. Os 1.000 colaboradores coletam média de 680 toneladas de lixo e 41,65 toneladas de recicláveis diariamente. 

“Esses acidentes expõem os trabalhadores ao risco de doenças como o tétano, além das transmitidas por sangue, como hepatite e Aids”, ressalta o infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein Luis Fernando Aranha Camargo.

O coletor de São Bernardo Leonardo Fernandes de Sousa, 21 anos, viu uma agulha entrar em sua mão esquerda ao recolher um saco de lixo no dia 25. Agora, precisa tomar, por 28 dias, coquetel de remédios. “A médica disse que terei alguns efeitos colaterais, como náusea e tontura”, comenta.

O colega Thiago Cristiano Souza dos Reis, 27, já sofreu três acidentes com agulha, o último dois meses atrás. “Os coquetéis deram reações como diarreia e os olhos ficaram amarelados. Ainda faço acompanhamento médico. Infelizmente, é normal acontecerem esses casos”, lamenta.

O engenheiro de segurança do trabalho da SBC Valorização de Resíduos, Fabio Assunção Hipólito, diz que a empresa gasta, mensalmente, R$ 40 mil em EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), mas nem sempre é possível proteger 100%. “É impossível prever o que tem dentro do saco de lixo.”

“Jogar resíduos cortantes e perfurantes de qualquer jeito pode nos causar graves problemas. Que as pessoas tenham um pouco mais de respeito com a gente”, pede o coletor José Edvan Roberto de Aquino, 23, que também já foi ferido por agulha descartada em meio ao lixo comum.




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