Para que ações atinjam resultados efetivos, é preciso que se perpetuem. Foi com esse pensamento que os alunos da Emeief (Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental) Antônio Virgílio Zaniboni, situada na Avenida Áurea, no Jardim do Estádio, em Santo André, criaram livros educativos que reúnem conhecimentos sobre a dengue, a febre chikungunya e o zika vírus. O trabalho faz parte do projeto Santo André & Os Agentes Contra o Aedes, iniciativa das secretarias de Educação e Saúde, em parceria com o Diário.

O resultado do material é fruto de muitas pesquisas realizadas pelos estudantes. Ao longo de todo o semestre eles buscaram informações sobre o mosquito Aedes aegypti, vetor das doenças, e os principais cuidados que devem ser tomados para evitar sua proliferação. Tal tarefa exigiu esforço de todos os alunos do 5º ano do Ensino Fundamental. O trabalho em equipe permitiu que o aprendizado fosse potencializado.

Além das informações coletadas pelos pequenos, o livro possui ilustrações produzidas e pintadas por eles. A riqueza do informativo é tão grande que ele foi apresentado para os demais colegas da escola e para outras 110 unidades da rede municipal de Santo André.

O estudante Ighor Muniz Pereira Silva, 10 anos, afirma estar orgulhoso do seu trabalho. “Fiquei muito feliz com o resultado. Foi uma tarefa difícil e exigiu muito esforço da nossa sala. Isso nos uniu bastante e fomos aprendendo juntos. É o legado que deixamos para as próximas gerações.”

Ao longo do processo de produção da obra literária, muitos conhecimentos foram adquiridos. Um dos autores, Mikaell Campos Ribeiro, 11, destaca o aprendizado. “Fiquei sabendo de muitas coisas que antes desconhecia. Não sabia que era preciso limpar a água que a geladeira e o ar-condicionado acumulam.” Além dos colegas, o menino conta que levou o conhecimento para outras cidades. “Meu avô tem uma fazendo em Fernandópolis (Interior do Estado). Falei para ele que é preciso trocar a água dos animais, pois se ficar parada, o mosquito pode colocar os ovos ali.”

Outra estudante que participou da produção do livro foi Camila Eduarda Horvat, 10. Segundo ela, seus pais mudaram diversos hábitos para evitar a presença do Aedes aegypti. “Quando eles viram o livro, ficaram muito felizes e decidiram fazer várias coisas que estão escritas nele. Lá em casa temos muito cuidado para não deixar água parada em nenhum lugar.”

Programa Mais Educação ensina com capoeira e meio ambiente

A Emeief Antônio Virgílio Zaniboni é uma das unidades que abriga o Programa Mais Educação, no qual grupos de alunos, a maioria em algum tipo de situação de vulnerabilidade, participa de aulas e projetos que visam a melhora do desempenho escolar e da sociabilização dos pequenos.

Uma das medidas adotadas é a capoeira, prática que mistura elementos de dança e luta e foi trazida ao Brasil pelos escravos africanos, durante o período em que o País era colônia de Portugal. Basta a melodia começar a tocar que os pequenos já tomam suas posições e iniciam os passos.

De acordo com o professor voluntário Fernando Santos, as melhoras nas crianças são muito visíveis. “Muitos não conseguiam fazer os movimentos da ginga quando começamos. Hoje eles estão bem mais equilibrados. Mas o que mais me deixa feliz é saber que muitos estão mais atentos durante as aulas e perderam a vergonha que antes sentiam. É muito gratificante poder participar desse tipo de ação.”

Outro ponto de destaque do projeto é o cuidado com o meio ambiente. A preservação dos biomas é tema amplamente discutido e muitas ações são tomadas pela professora voluntária Juliana Rodrigues Fernandes. Um dos trabalhos que mais chamam a atenção é o plantio feito em objetos de plástico.

“Sempre enfatizo com os alunos os benefícios que podemos alcançar. Também fizemos atividades de colagens com folhas que caíram das árvores aqui da escola e no semestre que vem, iniciaremos a criação de uma horta. Tudo com o objetivo de que as crianças descubram a importância de cuidar bem da natureza”, explica Juliana.