Setecidades Titulo Diz dono do instituto
Faltam provas técnicas sobre contaminação, diz dono de instituto

Elcio Roque Kleinpaul classificou mutirão
de catarata malsucedido como tragédia

Por Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
02/04/2016 | 07:00
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Celso Luiz


“Não podemos julgar uma floresta por uma árvore podre”, considera o sócio-proprietário do Instituto de Oftalmologia da Baixada Santista, Elcio Roque Kleinpaul, terceirizada contratada pela Prefeitura de São Bernardo e responsável pelo mutirão de catarata malsucedido que deixou 18 idosos cegos e um morto. O oftalmologista se refere ao fato de que esta é a primeira ocorrência problemática desde que foi firmado convênio com a administração, em 2013, “prevista, inclusive, na literatura – em 0,18% dos casos.”

Em entrevista coletiva na manhã de ontem, Kleinpaul classificou o resultado do procedimento como tragédia, destacou que faltam provas técnico-científicas que mostrem a origem da contaminação de 22 dos 27 pacientes submetidos ao mutirão pela bactéria Pseudomonas aeruginosa e ressaltou ainda que a responsabilidade pela conduta da equipe médica durante as cirurgias é do oftalmologista Paulo Barição, contratado pelo instituto para prestar serviços.

“Sabemos que foi uma bactéria que causou esse estrago, mas não temos provas técnico-científicas de onde ela veio”, destaca o sócio-proprietário ao ser questionado sobre o resultado da sindicância interna divulgada pela Prefeitura, que aponta que os instrumentos utilizados para o procedimento não foram esterilizados antes nem entre um paciente e outro. “Foram feitas pesquisas em todos os materiais e deu tudo negativo para o crescimento da Pseudomonas”, sustenta.

Lembrado sobre falhas apontadas no relatório da Prefeitura, como a falta de procedimentos como lavagem das mãos, troca de avental cirúrgico e esterilização de materiais e, ainda, compartilhamento de material perfurocortante entre os pacientes durante os procedimentos, Kleinpaul destaca acreditar na competência dos funcionários, que “são especializados e não vão deixar de esterilizar material para levar para a cirurgia.” Além disso, ele acrescentou que “o médico é soberano na sala de cirurgia, responsável, inclusive, por verificar o material, por decidir se vai operar, e como vai operar”, conforme contrato firmado junto ao profissional em agosto de 2013.

Embora diga que não vai sossegar enquanto não descobrir a origem da contaminação, o sócio-proprietário do instituto diz que ainda está pensando sobre a possibilidade de realizar investigação paralela que possa esclarecer as dúvidas existentes. “Não questionamos (o laudo da Prefeitura), mas não quer dizer que seja isso. O ideal seria achar a fonte”, considera, ao ressaltar que tanto instituto quanto Prefeitura e médico têm responsabilidade pelos pacientes. “Não estou me eximindo de culpa alguma”, diz.

Os contratos entre a Prefeitura e o Instituto de Oftalmologia da Baixada Santista e também o da empresa com o oftalmologista Paulo Barição estão suspensos. A Secretaria de Saúde, no entanto, não forneceu informações sobre que medidas tomará em relação à empresa. Desde que firmou contrato com a Secretaria de Saúde de São Bernardo, o instituto já recebeu R$ 2,4 milhões, sendo R$ 177,7 mil apenas neste ano.

O caso é alvo de inquérito civil, instaurado pelo MP (Ministério Público) de São Bernardo e conduzido pelo promotor de Saúde Pública Marcelo Sciorilli, e também de inquérito policial, sob os cuidados do delegado titular da Delegacia de Proteção ao Idoso, Gilberto Peranovich. Ambos aguardavam o relatório da sindicância para dar andamento aos processos. A expectativa é que a investigação policial seja concluída dentro de um mês.

O Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) também instaurou sindicância para avaliar o problema, que corre em sigilo.

O médico Paulo Barição não foi localizado pela equipe do Diário. 




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