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Jefferson ressuscita CPEM e Lubeca
Por Murilo Murça de Carvalho
Correspondente em Brasília
05/07/2005 | 08:19
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A defesa do deputado Roberto Jefferson (PTB/RJ) está pesquisando o envolvimento do PT em episódios não bem esclarecidos até hoje e que mostram semelhança na ação do partido em obter dinheiro de empresas e de setores da administração pública dominada por petistas, tal como apura a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) dos Correios.

Pelo menos duas histórias estão sendo analisadas e, além da semelhança no jeito de atuar, há também coincidência de nomes. O primeiro caso é o da CPEM (Consultoria para Empresas e Municípios), que seria ligada ao empresário Roberto Teixeira, compadre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e que teria se beneficiado de contratos com prefeituras petistas, no início da década passada. O fato veio à tona em 1989.

O segundo caso é o Lubeca, empresa que teria dado propina de US$ 200 mil ao PT, por intermediação do deputado Luiz Eduardo Greenghalgh (PT-SP), na tentativa de obter contrato urbanístico com a Prefeitura de São Paulo, quando a deputada Luiza Erundina (então PT, hoje PSB) era prefeita (1989-1993). Greenghalgh era, então, vice-prefeito e secretário de Negócios Extraordinários, exonerado em seguida.

O que chamou a atenção foi a presença do atual presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, em uma reunião ministerial com o presidente Lula, 16 ministros e o vice-presidente José Alencar, no dia seguinte ao depoimento de Roberto Jefferson na Comissão de Ética da Câmara dos Deputados.

Participaram do encontro os ministros Paulo Bernardo, Luiz Fernando Furlan, José Dirceu, Jaques Wagner, Jorge Armando Felix, Celso Amorim, Roberto Rodrigues, Miguel Rossetto, Aldo Rebelo, Waldir Pires, Antonio Palocci, Márcio Thomaz Bastos, Ricardo Berzoini, Luiz Dulci, Dilma Rousseff e Eduardo Campos, bem como o vice-presidente José Alencar e o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, que hoje cuida das finanças pessoais do presidente da República.

Okamotto, que já presidiu o diretório do PT de São Paulo e depois foi seu secretário de Finanças, foi apontado como o homem encarregado de "vender" a consultoria da CPEM a prefeituras petistas, além de colher nestas informações sobre empresas fornecedoras que eventualmente poderiam ser convidadas a contribuir para com o partido. Seu nome também aparece em fita gravada e que possibilitou a denúncia do caso Lubeca.

O caso CPEM foi denunciado pelo militante petista Paulo de Tarso Venceslau e publicado em 1994, pela revista Veja, e em 1997, pelo Jornal da Tarde. Conhecido como PT, o militante acabou abandonado e expulso do partido, apesar do reconhecimento de seu trabalho como secretário de Finananças de Campinas (na gestão Jacó Bittar) e de São José dos Campos (na gestão da hoje deputada Angela Guadagnin, da "tropa de choque" de defesa do PT), e como dirigente da CMTC (Companhia Municipal de Transporte Coletivo de São Paulo) – gestão Luiza Erundina.

Membro da Aliança Libertadora Nacional, PT participou do seqüestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick, trocado por 15 presos políticos, entre eles o deputado José Dirceu, ex-ministro do Gabinete Civil. Paulo de Tarso foi preso, torturado e passou cinco anos e meio na cadeia. Solto, integrou-se ao PT, onde chegou ao conselho editorial da revista do partido.




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