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Lançamentos imobiliários disparam no Grande ABC
Por Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
27/07/2010 | 09:43
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O número de lançamentos de imóveis no Grande ABC, por parte das construtoras, disparou no primeiro semestre. Foram 3.174 unidades, expansão de 106% em relação aos seis meses iniciais do ano passado, quando foram colocadas no mercado 1.541 unidades.

Os dados, da pesquisa realizada pela Acigabc (Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC) em parceria com o Secovi-SP (Sindicato da Habitação) e divulgada ontem, demonstram, por um lado, o reaquecimento do setor, como reflexo da melhora da economia, e por outro, a base fraca de comparação - no início de 2009, houve o encolhimento do crédito e da demanda, por causa da crise financeira internacional.

Segundo o presidente da Acigabc, Milton Bigucci, muitas empresas, no primeiro semestre do ano passado, postergaram lançamentos, com receio de não conseguirem vender os imóveis. "Por isso, houve esse aumento tão expressivo", afirma.

Apesar de a região ainda estar longe do boom imobiliário vivido na primeira metade de 2008, quando foram lançadas 6.498 unidades, o dirigente assinala que o setor mostra tendência de reaquecimento.

Vendas - A recuperação também é observada pelo volume de vendas efetivadas nos primeiros seis meses. A comercialização cresceu 18,7% em relação ao mesmo período de 2009, com o total de 2.773 unidades.

Para a Acigabc, há fatores favoráveis, como a expansão do crédito, as taxas de juros acessíveis para a compra de imóveis - que ele estima girarem 8,6% mais TR (Taxa Referencial) até 10,5% mais TR ao ano - e os prazos de até 30 anos para o pagamento.

Empresário há mais de 40 anos no segmento, Bigucci afirma que tem se supreendido com a disposição dos bancos em atuar nessa área, diferentemente do que ocorria tempos atrás. "Os bancos privados sempre quiseram distância das construtoras", diz o empresário.

Em relação às taxas, o presidente da associação cita que o aumento da Selic (taxa básica de juros) ainda não se traduziu em mudanças nas condições de financiamento na atividade. Na quarta-feira, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central elevou a taxa em 0,5 ponto percentual, para 10,75% ao ano. Foi a terceira elevação seguida. "Isso demora (para refletir no setor), porque são estudos referentes a compras de longo prazo", afirma.

A expectativa da Acigabc é que no segundo semestre as vendas devem registrar crescimento mais modesto, de 5% em relação ao mesmo período de 2009. Isso porque na segunda metade do ano passado, os lançamentos e a demanda por imóveis por parte dos consumidores já mostravam retomada.

Burocracia - Bigucci afirma que a situação do segmento poderia ser ainda melhor se não houvesse tanta demora na região para a aprovação de projetos junto às administrações municipais. "O que poderia ser aprovado em 60 dias, às vezes leva seis meses. Isso é prejuízo para o cliente final", afirma.

 

S.Bernardo concentra novas ofertas

 

A pesquisa da Acigabc, que se refere às três maiores cidades da região (Santo André, São Bernardo e São Caetano), mostra que a letra B do Grande ABC liderou tanto em número de lançamentos feitos no primeiro semestre, quanto no valor de mercado dos imóveis colocados à venda.

São Bernardo registrou 1.503 unidades lançadas, que somaram R$ 400 milhões, superando as outras duas cidades juntas. Santo André contabilizou 1.228 unidades, com R$ 171 milhões em ofertas, e São Caetano (443 unidades) com R$ 138 milhões.

O município também se destacou por ter sido o único em que houve lançamentos de imóveis de quatro dormitórios (foram 292) de janeiro a junho deste ano.

Segundo Bigucci, isso se deve ao fato de que São Bernardo ainda tem maior número de terrenos grandes. No entanto, ele avalia que, de forma geral, na região estão escasseando as áreas disponíveis e as que existem, em muitos casos, ficam em áreas de mananciais.

Característica - As construtoras mantêm as apostas em edifícios residenciais com apartamentos de dois dormitórios. Esses representam 55,2% do que foi apresentado ao mercado no semestre, ao somarem 1.753 unidades. Por sua vez, os três dormitórios (1.115) são 35,1% do total. Os lançamentos de quatro dormitórios são 9,2% dos lançamentos. O número de novas ofertas de um dormitório foi bem pouco expressivo (só foram 14).

Ainda de acordo com o levantamento da associação, os de três dormitórios têm valor médio de R$ 319 mil na região, mas em São Bernardo, esse preço sobe para R$ 452 mil. Nos de dois, a média é de R$ 154 mil, porém, nesse caso, o destaque fica com São Caetano, onde custam R$ 254 mil. Os de quatro dormitórios tem valor médio de R$ 603 mil.

Minha Casa - A Acigabc defende que haja a elevação do valor mínimo das moradias financiadas pelo programa Minha Casa, Minha Vida, de R$ 52 mil (para faixa de renda familiar de zero a três salários-mínimos), para R$ 70 mil. "O custo dos terrenos no Grande ABC é alto, a conta não fecha", afirma Bigucci. (Leone Farias).




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