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Zona azul pode garantir 1º emprego em S.Bernardo
Adriana Gomes
Do Diário do Grande ABC
20/02/2005 | 16:32
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A idéia da Prefeitura de São Bernardo de transformar o estacionamento rotativo (conhecido como zona azul) no Centro e em Rudge Ramos em ação social pode agregar uma espécie de programa Primeiro Emprego local, pelo qual jovens carentes que ainda não conseguiram ingressar no mercado de trabalho seriam responsáveis pela operação do sistema nas ruas. A mudança na operação da zona azul continua na fase do anteprojeto de lei e sem previsão de seguir para a Câmara, mas a tendência é que passe para a administração direta, até mesmo para facilitar seu caráter filantrópico. A zona azul na cidade foi suspensa em 28 de dezembro, quando terminou o contrato com a empresa Varca Scatena, operadora do serviço (em sistema de parquímetros) durante seis anos,  para o controle de 2.702 vagas.

Com características sociais, o sistema poderia ganhar a simpatia dos motoristas que discordam da cobrança do estacionamento nas ruas. Outro atenuante seria a redução da tarifa. A iniciativa privada cobrava R$ 1,50 por hora. A Prefeitura pretende que esse período passe a custar em torno de R$ 1.

Mas embora o próprio prefeito tenha encomendado o estudo sobre zona azul com viés filantrópico, o documento do anteprojeto sobre o novo sistema não poderia ser mais genérico. Além de não detalhar nenhuma ação – como a do emprego para jovens carentes da cidade – o documento prevê todas as formas possíveis de operação do sistema e deixa aberta possibilidade do retorno de uma concessionária para explorar o serviço, como antes.

Sobre a possibilidade do convênio social, a prévia do projeto de lei prevê que “o controle e gerenciamento dos serviços serão executados diretamente ou indiretamente, na forma de concessão de serviços públicos ou, ainda, através de convênio firmado com entidade filantrópica”. Ou seja, o documento – ainda não definitivo – contempla a implantação de qualquer tipo de proposta.

Já no item sobre a operação do sistema, são citados todos os dispositivos de controle e cobrança que se pode imaginar: cartão inteligente, equipamento de emissão de tíquete, terminal de carga e recarga de créditos, tíquete manual, computadores e seus softwares. Qualquer um deles. Mas o anteprojeto pode estar atrasado com relação às pretensões da administração. “Não estamos mais pensando em máquinas porque dizem que as boas são importadas e essas são relativamente caras. O melhor talvez seja o tíquete”, diz o secretário especial de Coordenação de Infra-Estrutura, Gilberto Frigo.

Afinal, não é difícil deduzir que, se a administração pretende mesmo garantir alguns postos de trabalho para jovens, sistemas eletrônicos não são os mais adequados. Obviamente, as máquinas reduziriam as vagas. “O prefeito tem interesse de que tudo se resolva o mais rápido possível porque há muitas reclamações e o problema repercute no trânsito, já que os motoristas ficam dando voltas vagarosas esperando que alguém saia e provocam lentidão”, declarou o secretário na quinta-feira à reportagem, não descartando nem “uma guinada de 180º no projeto”. “Ainda falta a contribuição de outros secretários. Estamos com as pastas cheias de compromissos e precisamos achar uma brecha para essa reunião”.

O secretário informou ainda que, inicialmente, o estacionamento rotativo voltaria a ser implantado nos mesmos pontos onde já existia na cidade: Centro e Rudge Ramos. Se a proposta de caráter social vingar, uma entidade ligada à própria prefeitura seria beneficiária. Os jovens inseridos no programa atuariam principalmente na fiscalização, já que a idéia prevê a venda de tíquetes em pontos comerciais, e não apenas por agentes nas ruas ou máquinas.

 Nas ruas do Centro, diversos motoristas ouvidos pelo Diário sábado reclamavam da dificuldade para estacionar, mas, ao mesmo tempo, comemoravam por não terem de desembolsar os trocados de antes e, também, por não precisarem se preocupar com horário para retirar os carros das vagas. Exatamente por isso é que, com o fim da cobrança, a rotatividade na utilização de cada vaga é drasticamente reduzida. “Mesmo com alguma dificuldade para estacionar, gostei da retirada dos parquímetros porque certa vez passei mal e tive de correr para o médico. Estacionei em frente à clínica e levei multa por causa de um atraso de 15 minutos. Mesmo com atestado, não consegui recorrer”, contou a comerciante Michele Frai, que estava na rua Marechal Deodoro. O motorista da reportagem precisou dar três voltas na região central para conseguir uma vaga.

Colaborou Yara Simões



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