Política Titulo Debate sobre identidade de gênero
Petistas cogitam representação no partido contra Marinho

Estatuto do PT obriga que militante tenha de defender diversidade

Por Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
01/02/2016 | 07:00
Compartilhar notícia


Grupos internos no PT descontentes com a postura do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), sobre o debate da ideologia de gênero na cidade cogitam denunciar a posição do petista ao comando da legenda por descumprimento do estatuto do partido. O caso pode até mesmo parar na comissão de ética do PT.

Marinho divulgou vídeo no dia 22 antecipando projeto de lei que vai encaminhar à Câmara com vedação explícita à ideologia de gênero nas escolas da cidade – municipais, estaduais e particulares. O texto, segundo ele, serve para “corrigir” emenda aprovada pelos vereadores ao PME (Plano Municipal de Educação), que proíbe o ensino de diversidade sexual nos colégios municipais. A alteração ao plano já foi vetada pelo prefeito e irá para votação dos parlamentares depois de amanhã.

Integrantes dos setoriais de mulheres e de LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) do PT entendem que, com o vídeo de apoio ao fim da ideologia de gênero na rede pública, Marinho feriu o inciso 2º do artigo 14º do estatuto do partido. “São deveres do filiado ou da filiada combater todas as manifestações de discriminação em relação à etnia, aos portadores e às portadoras de deficiência física, aos idosos e às idosas, assim como qualquer outra forma de discriminação social, de gênero, de orientação sexual, de cor ou raça, idade ou religião”, diz a citação.

A polêmica sobre o tema já foi parar na instância nacional do petismo. A secretaria de mulheres do PT publicou nota repudiando a atitude de Marinho. O mesmo aconteceu com o setor feminino da CUT (Central Única dos Trabalhadores) nacional. Há quem diga no PT que o episódio tem estremecido a influência de Marinho no partido – poder esse construído muito pela amizade com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A comissão de ética do PT pode advertir Marinho ou, em caso extremo, recomendar a expulsão do prefeito da sigla (muito difícil de acontecer por não se tratar de tema envolvendo desvio de conduta, por exemplo).

Na semana passada, Marinho reuniu a base governista e cobrou aprovação do veto às emendas parlamentares no PME e também ao futuro projeto de lei com vedação à ideologia de gênero nas escolas. Aos parlamentares, relatou que a modificação patrocinada pela Câmara abria brechas nas redes estadual e privada – especialista, contudo, apontou que a proposta do petista é inconstitucional por versar em âmbito no qual um prefeito não pode se intrometer.

Para alguns petistas, o chefe do Executivo disse que o projeto que vai encaminhar ao Legislativo não vai impedir o ensino à diversidade sexual, apenas vedar a ideologia de gênero que, segundo ele, é termo criado por evangélicos e da direita. Até agora, não conseguiu convencer todos os vereadores e muitos militantes. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;