O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição pelo PT, realizou nesta quarta-feira uma reunião de emergência, no Palácio da Alvorada, para discutir o escândalo da suposta tentativa do PT de comprar um dossiê com informações contra políticos do PSDB, mais especificamente contra os candidatos ao governo de São Paulo e à Presidência da República, José Serra e Geraldo Alckmin, respectivamente.

Participaram do encontro o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos; o presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP); o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro; o presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP); chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho; e o publicitário da campanha, João Santana.

Lula, que chegou nesta manhã de Nova York (EUA), onde participou de uma assembléia da ONU (Organização das Nações Unidas), cobrou informações de Berzoini o grau de participação dos petistas no escândalo. Ele também pediu informações a Thomaz Bastos sobre o andamento das investigações na PF (Polícia Federal).

Dossiê – A PF prendeu na última sexta-feira dois Valdebran Padilha e Gedimar Pereira Passos em um hotel de São Paulo. Com os dois foi encontrado 1,7 milhão que seria utilizado na compra de um dossiê com informações contra Serra e Alckmin. Os dois acusados, em depoimento à PF de Cuiabá (MT), revelaram que a compra foi solicitada pelo PT.

Em Cuiabá, a PF também prendeu na última sexta o empresário Luiz Antonio Vedoin, proprietário da Planam e chefe da ‘máfia das ambulâncias’, e seu tio Paulo Roberto Trevisan. Os dois são acusados de elaborarem o dossiê e negociá-lo com os supostos representantes petistas.

Baixas – O escândalo do ‘Dossiê Serra’ já provocou duas importantes quedas dentro do PT. A primeira foi de Freud Godoy, assessor especial da Presidência da República. Diante da acusação de ter intermediado a negociação para a compra dos documentos, ele optou por deixar o cargo por tempo indeterminado. Ele deve prestar depoimento à PF nos próximos dias.

Nesta terça-feira, o assessor de risco de mídia da campanha de Lula à reeleição, Jorge Lorenzetti, pediu afastamento depois de também ter seu nome ligado à compra do dossiê. Ele, juntamente com Oswaldo Bargas (outro integrante do comitê de campanha de Lula), teriam se reunido com a revista Época para negociar a publicação do dossiê no semanal.